Chiquinha Gonzaga
Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu em 1847, filha de José Basileu Gonzaga, um militar de família tradicional, e de Rosa de Lima Maria, mulher negra e filha de uma liberta. Conhecida como Chiquinha Gonzaga, foi criada para ser uma dama da sociedade e educada pelos professores mais gabaritados do Rio de Janeiro da época. Estudou piano, português, cálculo, francês e religião.
Grande pianista, compositora e a primeira maestrina brasileira, Chiquinha Gonzaga também é conhecida por sua trajetória de transgressão às normas estabelecidas.
Obrigada a se casar aos 16 anos com Jacinto Ribeiro do Amaral, abandonou o marido em 1868, em grande parte porque ele a proibia de tocar piano. Para os padrões da época, a separação era um escândalo, e isso lhe custou a guarda de dois de seus três filhos. Renegada pela família e com a guarda apenas do primogênito, a compositora passou a lecionar piano para se manter. Também começou a frequentar rodas de choro com o músico Joaquim Antônio da Silva Callado.
Foi considerada a primeira mulher e a primeira pianista de choro, acompanhando o grupo Choro Carioca em suas apresentações. Sua visibilidade aumentou quando lançou sua primeira composição editada, a polca Atraente, em 1877. A fama que a maestrina alcançou com a canção causou ainda mais desgosto na família, mas também impulsionou a sua carreira de compositora.
Chiquinha também foi a primeira mulher a reger uma orquestra – na estreia da opereta A Corte na Roça, em 1885. Quatro anos mais tarde, ela regeu, no Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, um concerto de violões, promovendo o instrumento que, na época, era estigmatizado.
Em 1899, lançou sua música mais famosa, Ó Abre Alas, criada para o cordão Rosa de Ouro. Chiquinha ainda fez músicas para diversas peças de teatro; ela é responsável pela criação musical de mais de 77 peças de teatro e duas mil músicas.
Chiquinha ainda se dedicou à luta abolicionista e chegou a vender partituras para angariar fundos para a Confederação Libertadora. Foi uma das fundadoras da SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, em 1917, e é reconhecida como uma das precursoras na luta pelos direitos autorais.