Falar dos subúrbios pressupõe abordar toda sua complexidade de saberes, sabores e experiências de seus moradores. A galeria Rio Suburbano é um convite para compreendermos a história das áreas que surgiram a partir da construção de fábricas e da linha ferroviária, suas formas próprias de organização espacial, cultural e de mobilidade. Seus saberes e tradições renovados, suas identidades e formas de ser e estar nessa cartografia urbana e afetiva. Trata-se de uma celebração às práticas próprias de seus habitantes. Memórias que dão conta das miudezas da vida suburbana, como correr atrás e deliciar-se com doces de Cosme e Damião, soltar pipa nas ruas e lajes, se apropriar da calçada ou das vias públicas para bater um traço de concreto ou para comemorar alguma data importante.

Curadoria: Rafael Mattoso

Frequentemente as palavras “enxergar” e “ver” são utilizadas como sinônimos para expressar aquilo que percebemos através do sentido da visão. No entanto, existem muitas coisas para além do que as nossas retinas captam. A imagética suburbana é múltipla, colorida, rica de sentidos, cores e formas. Há portanto a necessidade de ver, compreender e significar o mosaico que compõem a complexa atmosfera dos subúrbios. Há também a forma subjetiva de se identificar e ser identificado por aquilo que se expressa visualmente. A identidade e imaginário suburbanos são campos em disputa entre as pessoas que vivem, as que apenas veem — e aquelas que nem isso, mas ainda assim possuem uma imagem do subúrbio no campo em suas cabeças.

Na maioria das regiões dos subúrbios cariocas é inegável que a vida se processa por entre um jogo de escalas dimensionado, principalmente, pelas residências, ruas e trilhos que promovem a interlocução de seus moradores.

Neste cenário, portas e janelas parecem sempre demonstrar uma abertura, no formato de troca, entre os espaços públicos e as singularidades do campo privado das casas.

Nesta sala direcionamos os olhares para as formas de viver, morar e se relacionar nos subúrbios. A ideia de compartilhar as vistas, ou seja, como vemos a cidade do Rio de Janeiro a partir das praças, quintais, varandas e outros prismas suburbanos.

Possibilitando assim ver e compreender melhor como convivemos e habitamos nossos subúrbios.

A força da sonoridade suburbana é inquestionável. Manifestações como o Jongo, o Choro e o Samba são importantes exemplos que ajudam a contar e cantar parte significativa da nossa História. É sabido que muitos gêneros musicais nasceram ou se desenvolveram nos subúrbios cariocas e seguem interligados ao território por heranças ancestrais e laços de sociabilidades.

Comensalidade é o termo de origem latina usado para definir as práticas de convívio à mesa. Envolve principalmente o modo como se come, mas não se trata somente de provar ou saborear algo. Na prática significa muito mais, está diretamente relacionado a conviver, se relacionar, aprender e trocar experiências a partir do compartilhamento coletivo dos alimentos. Nos subúrbios a convivência estabelecida a partir do hábito de comer e beber tornam-se um elemento fundamental para entender a nossa própria sociabilidade carioca.

Sentado à mesa, acomodado no chão ou em pé com o prato e copo na mão, vale quase tudo quando se fala dos afetos e sabores suburbanos. Seja cultivando, preparando ou degustando sempre se está cozendo, transformando e compondo histórias. Temperos, cheiros e sabores ancestrais entrelaçam os sujeitos às heranças que se fundiram e ajudaram a criar um sentimento de  suburbanidade.

A relação entre o subúrbio e mobilidade está imbricada desde o início. O desenvolvimento e crescimento dessas áreas possui uma estreita ligação com as linhas férreas, ainda no século XIX, e com a abertura de avenidas e caminhos para modais sobre rodas no século XX. Portanto, a história dos subúrbios cariocas está intimamente relacionada à história da expansão da cidade do Rio de Janeiro e à ampliação de seu sistema de transportes. Isso também quer dizer que as dificuldades e penúrias vividas pelos suburbanos dentro de trens, ônibus e vans, apesar de dizerem respeito à seus respectivos contextos, atravessam gerações de suburbanos. Entre aventuras e desventuras, o trajeto entre casa-trabalho-casa é uma experiência que a população dos subúrbios cariocas experimenta de modo típico.

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