Tomada do forte Coligny pelos portugueses
Ao final do ano de 1559, Mem de Sá recebeu ordens de Portugal para que acabasse com a ocupação francesa no Rio de Janeiro, iniciada quatro anos antes. Saindo de Salvador, o governador-geral do Brasil desceu com sua frota, munindo-se de combatentes ao longo do percurso. Em Ilhéus, conheceu Jean Cointa, desertor do empreendimento francês, que lhe forneceu detalhes sobre o forte Coligny, a base dos franceses na baía de Guanabara, instalada na ilha de Serigipe, hoje Ilha de Villegagnon.
Em 21 de fevereiro de 1560, a tropa de Mem de Sá, já instalada em porto próximo à ilha, contava com portugueses e “gentios” recrutados na Bahia, assim como tupiniquins de São Vicente e maracajás do Espírito Santo. De início, o governador português propôs, em carta endereçada ao capitão Bois-Le-Comte, comandante dos franceses, uma saída diplomática, ao que esse respondeu que só sairia da fortaleza por ordem de seu próprio rei.
Com os reforços de homens mandados de São Vicente e depois de estudarem a ilha e decidirem sobre como atravessar as enormes rochas que a circundavam, as tropas de Mem de Sá avançaram rumo à fortaleza em suas caravelas, naus e canoas, sob as bênçãos dos jesuítas que os acompanhavam. A artilharia portuguesa pressionava os franceses e os tupinambás — grupo de indígenas a quem os franceses se aliaram nos anos anteriores — entre a colina das Palmeiras, ponto de melhor acesso à fortaleza, e o outro extremo da ilha, também fortemente atacada pelos lusitanos. Mais uma noite e um dia inteiro de tiros de canhões e de luta corpo a corpo foram necessários, até que os portugueses conseguissem chegar à torre da fortaleza. Forçados a deixarem o seu último bastião, os franceses e indígenas restantes fugiram em direção ao continente.
A vitória portuguesa, com a conquista da ilha, não garantiu a expulsão total dos franceses da região da baía de Guanabara. Muitos deles se refugiaram no interior das terras e lutaram ao lado dos indígenas nos conflitos posteriores, que culminaram na conquista da porção continental do território e na fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Helena Gomes do Projeto República (UFMG).