PORTELINHA
O Maracanã do Samba
A Estrada do Portela era uma via emblemática em Oswaldo Cruz, pois servia como o principal acesso à antiga Fazenda do Portela e, atualmente, é uma importante ligação com o bairro de Madureira. Apesar das diferenças entre os bairros, ambos compartilham a influência histórica da Fazenda, que, além de sua produção agrícola, era um relevante entreposto para moradores e imigrantes a caminho do Rio de Janeiro. A maioria dessas famílias, compostas por negros vindos de outras regiões, encontrou na área um lugar de integração e oportunidades.
Nas décadas de 1930 e 1940, o bairro passava por um processo de urbanização, e um dos terrenos, com uma grande jaqueira, consolidou-se como um dos berços do samba carioca. Esse espaço se tornou a sede oficial da Portela na década de 1950.
Em 1961, o local foi coberto, tornando-se a primeira quadra fechada de uma escola de samba. Com a obra, a icônica jaqueira precisou ser cortada, deixando saudades entre os sambistas que realizavam ensaios e rodas de samba sob sua sombra. O compositor Zé Keti eternizou essa perda no samba “A Jaqueira da Portela”, lembrando com carinho da “velha saudosa amiga e companheira”. Essa música ganhou notoriedade ao ser imortalizada por Paulinho da Viola, outro ilustre portelense e padrinho da Velha Guarda.
Para os padrões da época, o tamanho da quadra era impressionante. O espaço abrigava não apenas os ensaios, mas também a confecção de fantasias e alegorias, o que lhe rendeu o apelido de “Maracanã do Samba”.
A quadra se tornou ponto de encontro de grandes nomes do samba, como Manacéa, Waldir 59, Candeia e tantos outros. Muitos sambas de terreiro e enredos de sucesso nasceram nesse templo histórico da cultura carioca.
Com o passar dos anos, o universo do samba cresceu, e a Portela construiu uma nova quadra nas proximidades, apelidada de Portelão. Atualmente, o espaço original abriga a sede da Velha Guarda da escola e promove diversas ações sociais da agremiação, sendo carinhosamente conhecido como Portelinha.