Casa do Candeia

Playlist no Spotfy com três músicas e um áudio sobre esse ponto

Poesia contra o Racismo

Antonio Candeia Filho nasceu em 1935, filho de um músico assíduo frequentador dos sambas de Oswaldo Cruz. Desde pequeno, Candeia foi envolvido nas festas da casa de D. Ester, pioneira no incentivo ao samba no bairro. Ele fazia parte do grupo de amigos conhecidos como a Turma do Muro, composta por sambistas como Casquinha, Waldir 59 e Picolino, que se reuniam ao lado da Estação de Trem para criar os primeiros sambas.

Aos 17 anos, emplacou seu primeiro samba-enredo na Portela. Além de compositor, ele também foi Policial. Seu histórico na corporação levou-o a abordar até seus próprios companheiros de samba, como o Paulinho da Viola. Na época, o samba estava fortemente associado à marginalidade, mas sua trajetória profissional e pessoal o levou a questionar esses estigmas sociais, o que o impulsionou a incorporar temas políticos e de resistência em suas composições.

Aos 30 anos, Candeia se envolveu em um acidente de trânsito, o qual resultou em cinco tiros que o deixaram em cadeira de rodas. Para afastá-lo da depressão, amigos transformaram sua casa em um novo ponto de encontro, mantendo o ambiente vivo com rodas de samba e trocas culturais. Esse apoio foi fundamental para que ele retomasse sua carreira na década de 70, quando lançou álbuns históricos.

Candeia se apresenta ao lado de Cartola. 1974. Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã

Essa década também foi importante para Candeia como uma voz política de resistência. Ele fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, lutando pela preservação da tradição do samba e pela formação cidadã sobre a história do povo negro. Candeia se tornou um pioneiro ao denunciar o racismo estrutural na música e ao desafiar o status quo da época, criticando o rumo que as escolas de samba estavam tomando.

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Casquinha, Sérgio Cabral, Pelão, o jornalista Arley Pereira, a atriz Teresa Santos, e sentados o cantor e compositor Candeia e sua esposa. MIS/RJ

Hoje, sua memória é celebrada por um painel de grafite desenvolvido pelo coletivo Negro Muro no local onde era sua casa. O legado do autor de “Preciso me Encontrar” e “Dia de Graça” segue vivo em todas as rodas de samba e lutas contra o racismo.

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