CASA DA DONA ESTHER

Playlist no Spotfy com três músicas e um áudio sobre esse ponto

O Embrião da Portela

Nascida em 14 de fevereiro de 1896, Dona Ester Maria tinha o samba e o Carnaval como verdadeiras vocações em sua vida. Antes de se mudar para Oswaldo Cruz, ela já havia fundado um cordão carnavalesco, no qual atuava como porta-bandeira ao lado do marido, Euzébio. Ao chegar no bairro, o casal rapidamente se integrou à comunidade e abriu as portas de sua casa, com um amplo quintal, para receber festas que ajudaram a moldar o samba carioca e o próprio Carnaval.

Retrato de Dona Ester. Retirado de compositoresdaportela.blogspot

Dona Ester é lembrada como uma anfitriã sempre gentil, solícita e caridosa, transmitindo uma imagem maternal marcada por autoridade e respeito. Sua casa, acolhedora e vibrante, foi o palco ideal para intensas trocas culturais entre diferentes gerações e estilos musicais. Ali conviviam o choro, o jongo, o carnaval, o samba de terreiro e as rodas de samba. Além disso, as conversas sobre música e política faziam parte do cotidiano, atraindo figuras ilustres como Donga, Luperce Miranda, Pixinguinha e João da Baiana. Entre os mais jovens, destacam-se Candeia e Jair do Cavaquinho, que aprenderam muito naquele espaço e mais tarde se tornaram portelenses ilustres.

A maior contribuição de Dona Ester, no entanto, foi ter sua casa como ponto de fundação do bloco carnavalesco “Quem Fala de Nós Come Mosca”, considerado o embrião da Portela. Essa agremiação era regularizada e tinha autorização para desfilar no Carnaval, servindo como um “guarda-chuva” para outras iniciativas, como o “Baianinhas de Oswaldo Cruz”, que já reunia os principais fundadores da Portela.

Embora Dona Ester nunca tenha sido integrante direta da Portela, sua atuação como articuladora cultural no bairro e defensora das tradições de matriz afro-brasileira junto às autoridades é incontestável. Por isso, ela é reverenciada até hoje. Um quadro em sua homenagem é destaque na Portelinha. Sua antiga casa, bem conservada e decorada com as cores azul e branca, permanece sob os cuidados de sua família de ilustres portelenses.

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