Cazuza
“Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa”
Vida imensa, louca e breve… Como ele não pôde levá-la, ela o levou com apenas 32 anos, vítima de AIDS. Ele, Agenor de Miranda Araújo Neto, conhecido como Cazuza – poeta, cantor, compositor carioquíssimo. Seu pai, João Araújo, foi fundador e presidente, por quase quatro décadas, da importante gravadora Som Livre. Sua casa era frequentada pelos maiores nomes da música brasileira, respirava-se música por todos os cantos. Nascido e criado no seio da burguesia, Cazuza se referia à sua classe com palavras cortantes:
“A burguesia fede
A burguesia quer ficar rica
Enquanto houver burguesia
Não vai haver poesia”
Era um rebelde com causa, boêmio, frequentador do Baixo Leblon, desafiava os padrões, ousava, inventava amores e dores. Não cursou mais do que um mês da faculdade de comunicação. Encontrou seu caminho no curso de teatro que fez com Perfeito Fortuna e a trupe “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, no Circo Voador (ainda no Arpoador), onde soltou a voz em público pela primeira vez e não parou mais.
Em 1982, Leo Jaime o indicou para participar dos ensaios da futura banda de sucesso Barão Vermelho com Roberto Frejat, Maurício Barros, Dé e Guto. No verão de 1985, após a apresentação histórica da banda no Rock in Rio, Cazuza resolveu se desligar e seguir carreira solo. Gravou seu primeiro álbum solo Exagerado, que fez grande sucesso. Nesse mesmo ano, descobriu ser portador do vírus HIV.
Quebrando diversos tabus, Cazuza foi a primeira personalidade nacional a admitir publicamente a Aids e se tornou um símbolo da luta contra a doença.
A turnê dirigida por Ney Matogrosso resultou no álbum O Tempo Não Para gravado ao vivo no Canecão. Foi seu maior sucesso, que superou a marca de 500 mil cópias vendidas.
Em 1990, Cazuza viu “a cara da morte, ela estava viva”. Faleceu em julho e deixou seu nome profundamente marcado na geração de jovens dos anos 1980 e 1990.
Depois de sua morte, sua mãe Lucinha Araújo criou a Sociedade Viva Cazuza, que atende a crianças e adolescentes portadoras do HIV. Em 2016, ganhou uma homenagem no bairro do Leblon, onde morou grande parte da sua vida, com uma estátua e praça com seu nome.