ESTAÇÃO OSWALDO CRUZ
No início do século XX, o bairro, com um caráter predominantemente rural e residencial, era composto por chácaras, pequenos comércios, sobrados simples e amplos quintais. A urbanização começou com a chegada de trabalhadores negros vindos de fazendas do Sul de Minas e das regiões centrais do Rio. Isso fez de Oswaldo Cruz um ponto de encontro para diversas expressões culturais afro-brasileiras, como o Jongo. Foi nas festas e celebrações nos quintais da região que começaram a se consolidar as rodas de samba, blocos e escolas de samba.
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A presença do trem, tanto como meio de transporte quanto como símbolo de conexão, foi crucial para a disseminação de ideias, melodias e influências. O trem se tornou uma verdadeira “artéria cultural”, essencial na circulação das tradições musicais.
Foi Paulo da Portela quem tornou a relação entre samba e trem famosa. Nos anos 1920, trabalhando no Centro do Rio, Paulo pegava o trem das 18h04 com destino a Oswaldo Cruz. Naquele período, cantar samba nas ruas não era bem visto pela polícia, que poderia prender os sambistas por vadiagem. Para escapar da repressão, Paulo e seus amigos se reuniam nos vagões e iam cantando sambas durante o trajeto, sem ser incomodados.
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Em meados dos anos 90, sambistas liderados por Marquinhos de Oswaldo Cruz recriaram o trajeto de Paulo com o projeto Trem do Samba. Desde então, o Dia Nacional do Samba é celebrado com trens lotados de rodas em cada vagão, saindo da Central do Brasil. Ao passar pela Mangueira, todos os vagões se juntam para cantar “Mangueira, teu cenário é uma beleza”. O mesmo acontece em Madureira, quando todos cantam: “Um trem de luxo parte, para exaltar a sua arte, que encantou Madureira”. Uma verdadeira geografia popular!
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Quando o trem chega a Oswaldo Cruz, os dois lados da estação abrigam diversas rodas de samba e shows. É uma maneira de integrar a cidade e fomentar o desenvolvimento econômico através da valorização das tradições culturais, mantendo viva a essência do samba, sem concessões.
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