A segunda colina: Morro de Santo Antônio

Entrada da baía a partir do terraço do convento de Santo Antônio, Nicolas-Antoine Taunay, 1816. (Museu Nacional de Belas Artes)

O Morro de Santo Antônio – na verdade, o que resta dele – é onde se localiza o Convento e as igrejas dos franciscanos. Até o século XIX, seus limites alcançavam as ruas do Lavradio, da Carioca, Senador Dantas e Evaristo da Veiga (antiga rua dos Barbonos). 

Morro de Santo Antônio antes do desmonte do século XX. Mapa extraído do site ImagineRio.

A instalação da ordem de São Francisco na colina se deu no início do século XVII, depois que o morro – à época chamado Outeiro do Carmo – foi recusado pela ordem de Nossa Senhora do Carmo. Os carmelitas preferiram se instalar em região próxima ao mar, ocupando a antiga ermida de Nossa Senhora do Ó – lar inicial dos beneditinos no Rio –, na atual rua Primeiro de Março. Em 1607 o governador da capitania, Martim de Sá, fez a doação das terras da colina desocupada aos franciscanos, que em 1608 colocaram a pedra fundamental de seu convento. Em 1615, os frades se instalaram definitivamente no monte, que passava a se chamar Morro de Santo Antônio.

A fim de tornar o local mais salubre, os frades solicitaram que fosse aberta uma vala para drenar as águas da pantanosa lagoa de Santo Antônio. A lagoa ficava onde hoje passam a Avenida Chile e a Avenida Rio Branco. Foi essa vala, aberta em 1641, que acabou por definir a fronteira da cidade, e o caminho passou a ser conhecido como Rua da Vala – hoje rua Uruguaiana. Para ligar o morro ao porto, também foi feita a abertura de uma via que, partindo da Rua da Misericórdia até a Lagoa de Santo Antônio, deu origem à atual Rua São José. 

Reconstituição da região do largo da Carioca em 1650, com o convento no topo do Morro de Santo Antônio. Carlos Gustavo Nunes Pereira (Guta), 1990c. (Instituto Pereira Passos)

Em 1633, a capela da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, instituída no Rio desde 1619, também foi erguida no topo da colina. Essa capela existe até hoje, mas a Igreja da Ordem Terceira mudou-se para o terreno ao lado do convento – doado pelos frades franciscanos na década de 1650 – e, atualmente, é um dos templos católicos mais ricamente ornamentados do Brasil. 

Em 1718, para solucionar os problemas de abastecimento hídrico da cidade – existentes desde o início da colonização e agravados pelo aumento do número de habitantes – foram instalados alguns canos na rua dos Barbonos, a fim de atender às demandas da população por água. A ordem partiu do então governador da capitania, Antônio de Brito Freire de Meneses. 

Aires Saldanha, que governou a capitania de 1719 a 1725, esticou os encanamentos até o Campo de Santo Antônio – atual Largo da Carioca – e construiu o antigo Aqueduto da Carioca. Em 1744, o governador Gomes Freire mandou construir um novo aqueduto, visto que a estrutura do anterior se deteriorou com o tempo. Inaugurado em 1750, o novo aqueduto levava a água até um chafariz de mármore com 16 bicas de bronze, no Campo de Santo Antônio.

Aqueduto Da Carioca. Aquarela do Barão de Löwenstern, 1828. 

Ali, Gomes Freire mandou construir um posto de guarda para controlar a circulação em torno do chafariz, dando origem à Rua da Guarda Velha – hoje Treze de Maio. Em 1834, Grandjean de Montigny projetou um novo chafariz no mesmo lugar, com maior número de bicas, para atender o aumento da demanda por água na cidade. O chafariz de Montigny  foi demolido em 1925.

Chafariz do largo da Carioca, fotógrafo não identificado, 1920c. (Bibioteca do IBGE)

Referências:
BARROS, Paulo Cezar. As grandes intervenções na área central do Rio de Janeiro: a geografia histórica do morro de Santo Antônio sob a ótica dos projetos urbanísticos. Revista geo-paisagem (online). Ano 13, nº 25, Janeiro/Junho de 2014.

BRASILIANA Fotográfica. Série “O Rio de Janeiro desaparecido” VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruz. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=13719

MACEDO, Joaquim Manuel. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. 4ª ed. Livraria Garnier, 1991.

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