A terceira colina: Morro de São Bento

Igreja de São Bento, Karl Robert von Planitz e Ludwig e Briggs, 1845. (Divisão de Iconografia/Fundação Biblioteca Nacional)

Do lado oposto ao Morro do Castelo, na margem norte da Baía de Guanabara, se ergue a terceira colina que formou o quadrilátero inicial da cidade do Rio de Janeiro: o Morro de São Bento.

Ligado ao Castelo pela rua Direita – aberta no fim do século XVI para ligar os dois montes – o Morro de São Bento começou a ser ocupado por volta 1590, a partir da instalação dos monges beneditinos no alto da colina. 

Rio de Janeiro por volta de 1640. O pontilhado pintado em rosa (13) representa a rua Direita, atual 1º de Março. RF Pereira – acervo particular

Inicialmente, os beneditinos se instalaram em uma pequena capela dedicada à Nossa Senhora do Ó, no então Caminho de Manuel de Brito – como eram chamadas as ruas da Misericórdia e Direita. Mas as intensas atividades da via mais movimentada do período não agradaram aos beneditinos. Eles se mudaram de seu endereço inicial após receberem, de  Manoel de Brito e seu filho Diogo de Brito Lacerda, a doação das terras da colina até então chamada Morro da Conceição, graças a uma pequena ermida dedicada à Nossa Senhora da Conceição localizada no topo.

Ilustração do Mosteiro de São Bento e da Ilha das Cobras, à frente. Foto de André Teles. Acervo FormArte.

Por volta do ano de 1602, Nossa Senhora do Monserrate se tornou a padroeira do morro, por sugestão do então governador Francisco de Souza. A ideia do governador foi homenagear o rei Filipe II, que governou Portugal e Espanha no período da União Ibérica (1580-1640). Em 1633, teve início a construção da igreja abacial do mosteiro, com pedras da região do Morro da Viúva (no Flamengo). A igreja, erguida com força de trabalho escravo, foi inaugurada em 1641, mas a obra completa só foi finalizada quase cem anos depois. Trata-se de uma das mais belas do Rio e um dos principais monumentos do barroco luso-brasileiro. No topo da colina foi construído, também, um Ginásio – atual colégio São Bento. 

Interior da igreja de São Bento, Halley Pacheco de Oliveira, 2012.

O mosteiro também funcionou como fortificação no momento em que corsários franceses invadiram a cidade, no início do século XVIII. Em setembro de 1711, René Duguay-Trouin conseguiu o feito de invadir – chegando pela Ilha das Cobras, em frente ao morro de São Bento – e ocupar o Rio de Janeiro por quase dois meses. Na ocasião, o mosteiro resistiu, apesar da pouca munição, e sobreviveu aos ataques.

Panorama do morro São Bento visto da ilha das Cobras, Victor Frond, s/d. (Divisão de Iconografia/Fundação Biblioteca Nacional)

Referências:

EQUIPE Brasiliana Iconográfica. Do alto do morro: o mosteiro de São Bento. Disponível em: https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos

HOYUELA JAYO, José Antonio; MAIA FRAGOSO, Mauro. Territórios e paisagens beneditinas no Rio De Janeiro. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br

Site do Mosteiro de São Bento.

SOUZA, Jorge Victor de Araújo. Poder local entre ora et labora: a casa beneditina nas tramas do Rio de Janeiro seiscentista. In Dossiê Ordens e congregações religiosas no mundo Ibero-Atlântico.

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