Seria saudade?
Rio de Janeiro, 19 de maio de 2021.
Calu,
Escrevo para lhe falar de saudade, e não seria diferente depois de tantos meses sem te ver. És muito especial para mim e sei que sou para ti, deves sofrer de saudades tanto quanto eu, e por isso escrevo.
A saudade verdadeiramente só se extingue com o reencontro. Mas, até lá, é preferível que saibamos que não o almejamos sozinhos.
Tenho feito muitas coisas além de pensar em ti e em te encontrar e gostaria que em resposta me contasse sobre suas realizações também. Tenho desenhado relativamente menos, porém ainda gosto da sensação da tinta sobre o papel o bastante para não abandonar o hábito.
Agora costumo escrever minhas reflexões (daquelas que eu despejava inesperadamente em teus ouvidos, sem aviso prévio, e a partir dela tomávamos horas a fio procurando uma solução ou fim) em um caderno. Ninguém além de você, e agora as folhas do caderno, aprecia minha prolixidade. Tenho pensado muito em saudade. Meu caderno é repleto de tentativas de descrever esse sentimento, mas não consegui nada muito conclusivo e isso tem me consumido quase tanto quanto a própria saudade.
Sinto falta de quando éramos mais jovens, mas seria uma vontade de viver despreocupadamente hoje que me faz lembrar desses tempos? Seria vontade de ver-te e conversar quase todos os dias hoje assim como era antes? Ou seria puramente sau-da-de? Honestamente não sei.
E o que fazer para descrever sentimentos? Sempre pensei que não fosse possível e que talvez não precisássemos fazê-lo, mas são tantos que as vezes ficamos perdidos… E o que eleger como solução para o insolúvel? Que fazemos com esse dilema, meu anjo?
Mais simples seria nos encontrarmos logo e acharmos a solução juntos ou só matarmos de vez essa saudade.
Atenciosamente,
Bia M.