Quanto tempo nós temos?
Rio de Janeiro, 29 de maio de 2021.
Querido Avô,
Não importa onde tu estás, caso estejas feliz. Eu tenho muito para te contar sobre nossas vidas. Todavia, em primeiro lugar, devo lhe dizer que sinto saudade. Saudade das nossas conversas, saudade das suas histórias, saudade das tácticas futebolísticas, quando ainda jogávamos na escolinha do Flamengo. Eu sei que tu não gostarias que a nossa família se sentisse assim, mas o que nós podemos fazer? Sentimos SAUDADE. Agora, chegou o momento das novidades, mesmo tendo certeza de que tu já saibas de todas.
Então, a fim de começar calmamente, direi que o Flamengo ganhou todos os títulos que disputou em 2019 e ainda é considerado por milhares o melhor time brasileiro, talvez do mundo. Vô, foi uma festa! A comemoração atingiu partes diversas do país, sendo que o título mais importante, a “Libertadores”, foi dramático. Seguindo: eu não aguento mais segurar, preciso lhe dizer que eu passei no CEFET/RJ!! Eu consegui!! E, agora, estou terminando o segundo ano de Estradas. Nossa, a sensação sentida por mim, quando soube foi indescritível e, no fundo, eu sei que tu estavas ao meu lado. O Rodrigo, seu neto mais velho, também tem várias notícias quentíssimas e ele vai lhe contar.
Finalmente, eu gostaria de lhe pedir desculpas. Eu nunca tive um bom momento para dizer adeus ou ter um luto propício. Então, como registro, deixo aqui minhas sinceras desculpas. Eu te amo, vô! Engraçado que, historicamente, o ser humano vem tentando encontrar uma forma de vida eterna, mas eles alegam nunca a terem encontrado. Francamente, a eternidade sempre viveu em nós, apenas somos arrogantes demais para acessá-la. Felizmente, eu posso dizer que tu encontraste o caminho, pois eternidade não significa vida material.
Sempre se lembre que és eterno, porque nunca serás esquecido. A sua marca, o seu impacto, vive em nós. Espero que tu estejas bebendo uma cervejinha em algum bar e escutando um bom pagode do Salgueiro. Isso que é vida!
Com Amor,
Gustavo Fonseca
P.S.: Eu te amo!
