Procissões cívicas abolicionistas
A ascensão do Partido Conservador ao poder, em agosto de 1885, levou as manifestações pelo fim da escravidão às ruas do Rio de Janeiro. O governo, sob a liderança do escravagista barão de Cotegipe, pressionava os donos de teatro a não cederem espaço para os eventos abolicionistas. Caso insistissem, policiais à paisana estariam de prontidão para impedir as conferências emancipadoras.
Do teatro às ruas, os abolicionistas mudaram de estratégia e começaram a promover procissões cívicas. O objetivo era produzir choque moral na população, por meio da exposição escancarada da violência inerente ao sistema escravista.
Em fevereiro de 1886, a Confederação Abolicionista exibiu Eduarda, de 15 anos, e Joana, de 17, pelas ruas da Corte. As marcas da violência estavam expostas nos rostos deformados, no sangue seco e nas feridas em carne viva. Eduarda acabou cega; Joana não resistiu. Seu corpo foi carregado por abolicionistas, e o funeral rendeu mais um evento público denunciando tortura e assassinato.
O caso se transformou em drama nacional, mas a repressão não retrocedeu. Em agosto de 1887, o governo proibiu aglomerações nas ruas e edifícios públicos. Abolicionistas foram demitidos de seus empregos e partiram para o enfrentamento. Em 6 de agosto, organizaram uma conferência no Teatro Polytheama. Dois dias depois, um encontro em frente ao quartel do Campo da Aclamação. Ambos foram seguidos por enfrentamentos com a polícia. José do Patrocínio falou por muitos de seus companheiros, ao afirmar que “os abolicionistas sinceros estão todos preparados para morrer”.