Conferências Radicais
Conferências lotam teatros e estabelecem um novo espaço político para a exposição de assuntos de interesse coletivo.
Teatro Fênix Dramática: rua da Ajuda, 57; domingo, às 11h. Na Corte de 1869, esse era o dia e o local das Conferências Radicais. Multidões lotavam o teatro para discutir todo tipo de assunto polêmico, incluindo o fim do Poder Moderador e da Guarda Nacional e as eleições livres. As conferências públicas eram organizadas pelo Clube Radical do Rio de Janeiro, fundado em 1868, por jovens advogados e jornalistas.
As conferências estabeleceram um novo espaço para a exposição de assuntos de interesse coletivo, então restritos aos debates na imprensa e no parlamento. Em algumas ocasiões, tamanha era a empolgação dos presentes que o orador se via interrompido por frequentes aplausos, risadas e aclamações. Isso quando o público não resolvia, ao fim, acompanhar o conferencista em passeata pelas ruas, dando vivas ao longo do trajeto até sua casa.
A experiência durou pouco mais de dois anos. Em dezembro de 1870, a maioria dos membros do Clube Radical migrou para o Partido Republicano. No novo partido, o radicalismo de suas propostas foi abafado pelas discussões em torno da forma de governo, que se revelaria excludente e sem compromisso com o social. No entanto, o ativismo político inovador dos radicais, suas ideias e a capacidade em as expor, mesmo que para um público restrito às camadas letradas, deitaram raízes na formação de uma cultura política brasileira. Até 1889, não faltaram conferências e debates públicos aos fluminenses.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Marcela Telles Elian de Lima do Projeto República (UFMG)