Levante integralista
Localizado no bairro de Laranjeiras, o Palácio Guanabara foi alvo de um atentado a tiros, na madrugada do dia 11 de maio de 1938. O objetivo do ataque à residência presidencial era depor Getúlio Vargas. E, se necessário, assassinar o presidente da República.
A tentativa de golpe foi executada, principalmente, por militares, muitos deles ex-membros da extinta Ação Integralista Brasileira (AIB). O grupo de extrema-direita que, de olho na Itália de Mussolini e na Alemanha de Hitler, desenvolveu um fascismo verde-amarelo.
Assim como outras organizações políticas no território nacional, a AIB foi colocada na ilegalidade, quando Vargas deu um golpe e instituiu um regime ditatorial, o Estado Novo, em novembro de 1937. As promessas de que os integralistas fariam parte do novo governo não foram cumpridas, e Getúlio passou de aliado a inimigo.
A tentativa de golpe, liderada pelo tenente Severo Fournier, envolvia a tomada de arsenais, embarcações e edifícios das Forças Armadas, prisão de autoridades e libertação de integralistas detidos, além do assalto ao Palácio Guanabara. Porém, a desistência de muitos voluntários e a falta de preparo dos que compareceram fizeram da ação golpista um fiasco.
O ataque ao presidente varou a madrugada, mas fracassou diante da defesa improvisada da família Vargas e funcionários de plantão. Com a chegada de reforço para defesa do palácio, Fournier e outros militares desertaram, embrenhando-se nas matas do morro Mundo Novo. Nove dos sublevados detidos foram fuzilados nos fundos do Guanabara – fato que a imprensa, sob censura, jamais noticiou.
O atentado fez aumentar ainda mais a popularidade de Getúlio Vargas. Já os envolvidos com o ataque foram progressivamente detidos. Mais de mil pessoas foram presas, entre elas, Severo Fournier, que passou anos em uma cela do Forte da Laje, a três quilômetros da praia da Urca.
Este texto foi elaborado pelo pesquisador Davi Aroeira Kacowicz do Projeto República (UFMG).