Comício da Aliança Liberal
A eleição presidencial de 1930 estava marcada para 1º de março. Em jogo, o nome do novo ocupante do Palácio do Catete. Um palacete em estilo neoclássico, próximo à praia do Flamengo, construído pelo barão de Nova Friburgo e transformado, em 1897, na sede da Presidência da República. Desde então, seus ocupantes vinham de Minas Gerais ou de São Paulo, em um equilíbrio de poder intercalado entre as elites regionais e o Governo Federal, estabelecido pela Política dos Governadores.
Por isso, era dado como certo que o presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, seria o candidato oficial à sucessão do paulista Washington Luís. Mas, para surpresa geral, em junho de 1929, o presidente da República declarou seu apoio ao representante de São Paulo, Júlio Prestes.
Antônio Carlos se debandou, então, para a oposição. Abriu mão da sua candidatura e, com o apoio de elites políticas dissidentes, formou a Aliança Liberal (AL). Contra a chapa oficial, a AL lançou o gaúcho Getúlio Vargas para a presidência e João Pessoa, da Paraíba, como vice.
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ao Teatro Municipal, na Cinelândia – 1929 – CPDOC/FGV
Getúlio deixou Porto Alegre determinado a protagonizar um comício como o Rio de Janeiro nunca vira. Discursaria em praça pública, em vez de nos salões abertos, apenas para uma seleta audiência, como era costume. O objetivo era ocupar a esplanada do Castelo, um imenso terreno baldio no Centro.
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Em 2 de janeiro de 1930, sob ameaça de chuva, cerca de 150 mil pessoas se reuniram para ouvir a plataforma da AL: modernização política, social e econômica. Senhoras elegantemente trajadas agitavam chapéus e bandeirolas verde-amarelas ao lado de populares em tamancos e alpercatas. Naquele dia, o Rio de Janeiro foi palco de uma “orgia cívica”, como definiu o jornalista Assis Chateaubriand.
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Este texto foi elaborado pela pesquisadora Marcela Telles Elian de Lima do Projeto República (UFMG).