Insurreição Comunista
Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, o sono do presidente Getúlio Vargas foi interrompido pela notícia de que duas unidades do Exército haviam se rebelado no Rio de Janeiro: a Escola de Aviação Militar, no campo dos Afonsos, e o 3º Regimento de Infantaria, na praia Vermelha. Mas a insurreição não foi uma surpresa. Relatório enviado há meses pelo Serviço de Inteligência Inglês informava sobre o desembarque de quadros da Internacional Comunista no país e dos planos do Partido Comunista do Brasil (PCB) para envolver os militares no levante.
Dias antes da revolta militar na capital, cabos e praças do 21º Batalhão de Caçadores de Natal, insatisfeitos com a dispensa de efetivos, tomaram o quartel. No dia seguinte, militares de Recife se levantaram em solidariedade. Ambos os movimentos foram assumidos pelo PCB e contidos pelos estados.
No Rio, as notícias que chegavam sobre os eventos do nordeste eram desencontradas. Mesmo com o país sob estado de sítio, os comunistas decidiram antecipar os planos de uma revolução nacional popular. A confiança para tanto vinha da convicção de que um membro recém-filiado ao partido, o ex-líder tenentista Luís Carlos Prestes, teria grande influência sobre os quartéis.
A estratégia comunista se baseava no efeito dominó. Acreditavam que o levante nos quartéis despertaria a solidariedade de outras unidades e o apoio das massas. Por um lado, o caráter improvisado da revolução não permitiu uma comunicação adequada com as partes das quais se esperava apoio. Por outro, as informações privilegiadas do Governo Federal garantiram uma resposta imediata e eficaz ao levante.
A Escola de Aviação foi defendida pelo tenente-coronel Eduardo Gomes, que em poucas horas debelou a revolta. Do outro lado da cidade, na praia Vermelha, o conflito durou cerca de dez horas. Mas a localização do Regimento – entre dois morros, tendo como única via de acesso a avenida Pasteur – acabou sendo decisiva para o final do embate, que terminou com seus militares encurralados. Nos meses que se seguiram ao levante, centenas de opositores ao governo foram presos.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Pauliane de Carvalho Braga do Projeto República (UFMG).