Conferências Radicais

Conferências lotam teatros e estabelecem um novo espaço político para a exposição de assuntos de interesse coletivo.

Teatro Fênix Dramática: rua da Ajuda, 57; domingo, às 11h. Na Corte de 1869, esse era o dia e o local das Conferências Radicais. Multidões lotavam o teatro para discutir todo tipo de assunto polêmico, incluindo o fim do Poder Moderador e da Guarda Nacional e as eleições livres. As conferências públicas eram organizadas pelo Clube Radical do Rio de Janeiro, fundado em 1868, por jovens advogados e jornalistas.

Opinião Liberal, Rio de Janeiro, 04 de maio de 1869, n. 00034. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

As conferências estabeleceram um novo espaço para a exposição de assuntos de interesse coletivo, então restritos aos debates na imprensa e no parlamento. Em algumas ocasiões, tamanha era a empolgação dos presentes que o orador se via interrompido por frequentes aplausos, risadas e aclamações. Isso quando o público não resolvia, ao fim, acompanhar o conferencista em passeata pelas ruas, dando vivas ao longo do trajeto até sua casa.

Órgão na imprensa do Clube Radical. Opinião Liberal, Rio de Janeiro, 04 de maio de 1869, n. 00034. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

A experiência durou pouco mais de dois anos. Em dezembro de 1870, a maioria dos membros do Clube Radical migrou para o Partido Republicano. No novo partido, o radicalismo de suas propostas foi abafado pelas discussões em torno da forma de governo, que se revelaria excludente e sem compromisso com o social. No entanto, o ativismo político inovador dos radicais, suas ideias e a capacidade em as expor, mesmo que para um público restrito às camadas letradas, deitaram raízes na formação de uma cultura política brasileira. Até 1889, não faltaram conferências e debates públicos aos fluminenses.

Este texto foi elaborado pela pesquisadora Marcela Telles Elian de Lima do Projeto República (UFMG)          

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