Polêmicas literárias

Um dos motores da vida literária carioca em suas primeiras décadas de consolidação foi a prática da polêmica. É comum encontrarmos grandes nomes desse período que tenham se envolvido em uma contenda pública através de jornais e livros. E elas podiam ser tanto de cunho intelectual (mais raras) quanto de cunho pessoal. Vale lembrar que a prática da polêmica virulenta por meio da imprensa já vinha se desenvolvendo em jornais cariocas e de outras cidades, desde os tempos dos embates pela independência brasileira.   

José de Alencar foi um dos principais polemistas dessa geração. Foi ele o causador de um debate que perdurou por meses na imprensa carioca, após o lançamento de Confederação dos Tamoios, poema épico de Gonçalves de Magalhães publicado em 1856.  

Empolgado com a leitura feita pelo poeta em sua homenagem, o próprio imperador Dom Pedro II se empenhara publicamente em destacar o poema (para muitos da época, de qualidade duvidosa) como a obra mais importante da literatura brasileira. O que não se esperava era que Alencar escreveria uma série de oito “cartas”, publicadas no Diário do Rio de Janeiro, durante os meses de junho e agosto de 1856, assinadas com o pseudônimo Ig. O escritor cearense demolia o texto de Magalhães sem deixar pedra sobre pedra.

José de Alencar durante sua juventude. Wikimedia Commons

As “Cartas sobre a Confederação dos Tamoios” agitaram a cidade em um frenesi de debates, réplicas e tréplicas. Araújo Porto-Alegre, instado pelo imperador, saiu em defesa de seu amigo Magalhães, porém, sem o mesmo impacto de Alencar. O empenho infrutífero de Pedro II em encontrar escritores que defendessem a Confederação dos Tamoios fez com que escrevesse de próprio punho, textos em jornais – sob pseudônimo, claro. Ele até conseguiu ter respostas educadas de Alencar, mas nada além disso. No fim, a polêmica se encerrou pelo esquecimento popular.

Da esquerda para a direita: Gonçalves Dias, Manuel de Araújo Porto-Alegre e Gonçalves de Magalhães (1858). Wikimedia Commons

Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo, Castro Alves e muitos outros dessa geração também atravessaram polêmicas nas páginas dos jornais da cidade. A população era ávida por esse tipo de evento político e literário, em um cenário de poucos assuntos. Não havia peça de teatro, poema, crônica ou artigo de jornal que não fosse passível de respostas, muitas vezes ofensivas, por parte de uma gama de autores que assinavam com pseudônimos e garantiam a permanência de polêmicas semanais.

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