A literatura abolicionista

Se a literatura carioca teve nos jornais o cenário ideal para iniciar sua trajetória, o mesmo se deu com a literatura que abordava o tema da escravidão e do abolicionismo. O debate em prol da libertação dos escravizados no Rio e no Brasil teve participação definitiva dos escritores, que surgiam na cidade junto ao desenvolvimento da imprensa.

Não à toa, o primeiro jornal dedicado diretamente à temática da escravidão da população negra foi criado por Francisco de Paula Brito, nome fundamental para a organização de um campo literário carioca. Editor, impressor, livreiro, jornalista e redator, foi dele a iniciativa de criar, ainda em 1833, o jornal O Mulato, posteriormente chamado de O Mulato ou O Homem de Cor. No mesmo ano, Paula Brito ainda lançaria O Meia Cara, também voltado para o debate racial e os problemas políticos do Período Regencial. Apesar das poucas edições (cinco exemplares), sua publicação demarcou um caminho menos raro do que pensamos em diversas cidades do país.  

capa do jornal O Homem de Cor. Wikimedia Commons

Juntos de outras iniciativas quase clandestinas (os jornais eram comprados apenas junto a seus autores) e muitas vezes efêmeras, vemos publicações como Brasileiro Pardo, feito pela Typographia Paraguassu de Davi da Fonseca Pinto, e O Cabrito, pela Typographia de Miranda e Carneiro, ambos de 1833. 

Além desses jornais pioneiros, o tema da escravidão no Segundo Reinado e do abolicionismo percorreram diversos contos, crônicas, romances e peças de teatro – porém, nem sempre carregado nas cores necessárias sobre a violência do regime escravista. Basta lembrar do livro As vítimas-algozes: quadros da escravidão, publicado por Joaquim Manuel de Macedo em 1869, o trágico conto “Mariana”, publicado por Machado de Assis em 1871 no Jornal das Famílias e o sucesso de A escrava Isaura, livro de Bernardo Guimarães publicado pela B.L. Garnier no Rio de Janeiro em 1875. 

A escrava Isaura e As vítimas algozes – dois livros que se pretendiam abolicionistas, mas que reforçavam estereótipos a respeito da população negra escravizada.

Os movimentos abolicionistas que cresceram na sociedade civil a partir da década de 1860, atuaram em diferentes segmentos e contaram com a participação de poetas brilhantes como Castro Alves, famoso pelas leituras públicas de seus versos dedicados ao tráfico ilegal de africanos e ao sofrimento dessas populações no cativeiro. Jornais como o Jornal do Comércio utilizavam braços escravizados em suas tipografias e se tornavam espaços em que a luta abolicionista ia além das páginas impressas.  

O poeta Castro Alves na juventude. Wikimedia Commons

Nesses laços entre a imprensa o abolicionismo, sem dúvida o principal nome no Rio de Janeiro foi José do Patrocínio, homem negro, proprietário da Gazeta da Tarde e ativo criador de sociedades e confederações abolicionistas, ao lado de nomes de peso na elite imperial de então, como Joaquim Nabuco e André Rebouças.  

Outro nome central – apesar de atuar em São Paulo – era Luís Gama, um dos escritores e advogados negros que atuavam fortemente nessa ponte entre as letras e a luta contra a escravidão no Brasil. Amigo dileto do escritor carioca Raul Pompéia, autor do clássico O Ateneu, publicado justamente em 1888, os textos e poemas abolicionistas de Gama tinham impacto direto no cotidiano carioca.  

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