O folhetim

O folhetim foi um gênero literário que surgiu em Paris, durante a década de 1830. Seu formato utilizava a periodicidade dos jornais como estrutura para escritas literárias feitas em capítulos diários. Alguns dos principais romances do século XIX saíram a público nesse formato.  

Por bom tempo, o gênero era quase exclusivo para a publicação dos escritores franceses, inventores desse tipo de formato – os mais famosos, sem dúvida, eram Alexandre Dumas, Lamartine, Paul Favel e Eugène Sue. Alguns jovens escritores brasileiros trabalhando em jornais faziam traduções – muitas vezes péssimas – em tempo recorde. Machado de Assis chegou a traduzir um folhetim de Victor Hugo (Os trabalhadores do mar) para o Diário do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que o original era lançado nos jornais de Paris. 

Primeira parte do folhetim Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo, traduzido e publicado na edição de 15 de março de 1866 do Diário do Rio de Janeiro

Aos poucos, os escritores locais também fizeram suas apostas bem-sucedidas. Foi, por exemplo, no Diário do Rio de Janeiro que José de Alencar iniciou sua carreira de ficcionista, ao publicar dois folhetins seguidos. Em 1856, lançou em dez capítulos a história simples de Cinco Minutos e, no ano seguinte, mais precisamente no dia 1º de janeiro de 1857, iniciou nas mesmas páginas dos jornais a narrativa ambiciosa de O Guarany.  

Capa da primeira edição de O Guarany, de José de Alencar, 1865. Reprodução fotográfica Horst Merkel – Acervo Itaú Cultural

Segundo biógrafos, Alencar escrevia cada capítulo diariamente, de acordo com o impacto imenso da trama no público leitor. Três anos antes, Manuel Antônio de Almeida já havia escrito, nos rodapés1 do Correio Mercantil, a história marcante das Memórias de um Sargento de Milícias. O curioso é que, a despeito do sucesso dos folhetins, as vendas dos seus respectivos livros, publicados logo depois, eram mínimas. Nesse período, os capítulos em jornais ainda engoliam a forma corrida do romance. 

Outro autor que obteve sucesso com os folhetins foi Joaquim Manuel de Macedo, mais um que fez do jornalismo uma antessala da literatura. Como os outros escritores do seu tempo, foi cronista, redator, repórter e pioneiro em uma espécie de jornalismo cultural sobre a cidade, que pode ser lido nas páginas de seu famoso livro Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro (1862-1863). Em 1844, foi dele talvez o maior sucesso do Segundo Reinado: o romance A Moreninha. No ano seguinte, publicou em folhetim pela Marmota Fluminense o romance A Carteira do meu tio.  No mesmo caminho, Machado de Assis publicou romances como A Mão e a Luva (1874) e Helena (1876) no rodapé do jornal O Globo.  

Capa do jornal O Binóculo, com imagem do escritor Joaquim Manuel de Macedo, 1882. BN Digital

Até o amadurecimento de um mercado editorial que possibilitasse aos autores a publicação exclusiva de suas histórias diretamente em livros, o folhetim foi o formato favorito do público leitor, acompanhando os capítulos das histórias como as atuais novelas televisivas. Sua dinâmica estritamente ligada ao romantismo, porém, fez com que o gênero sucumbisse com o ocaso da escola francesa na literatura carioca.  

1 Espaço nos periódicos reservado aos folhetins.

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