Futebol de Botão

A Espanha reivindica para si a criação do futebol de botão nas primeiras décadas do século XX, mas o jogo parece ter surgido, ao mesmo tempo, em vários lugares do mundo. Começou sendo jogado nas calçadas, onde o campo era desenhado com giz, passando pelos pisos de cerâmica ou mármore, mais deslizantes, até chegar às mesas de jantar, permitindo que se jogasse de pé, e não mais agachado no chão; daí veio o nome futebol de mesa.

Não podemos falar de futebol de botão, sem citar Geraldo Décourt, o grande precursor do jogo no Rio de Janeiro e no Brasil, que, em 1928, criou o “Football Celotex”. Não se sabe ao certo o porquê desse termo, mas dizem que Celotex era o nome oficial do tipo de madeira (um aglomerado) que ele usou para confeccionar as primeiras mesas. Em 1930, Décourt publicou um livro de regras oficiais do jogo, e o futebol de mesa ganhou o país.

Geraldo Décourt – criador do futebol de botão. Site Clube do Botão

As peças de madeira lixada que faziam as vezes dos jogadores deram lugar, nos anos 1940, aos botões de roupas, originando o nome futebol de botão. Os maiores se transformavam nos zagueiros, enquanto os medianos viravam atacantes e os botões menorzinhos eram a bola. Na década seguinte, vieram as fichas de pôquer coladas umas às outras e materiais mais exóticos, como casca de coco, chifre de boi e o tradicional plástico.

Por volta de 1960, os vidros de relógios passaram a dominar o esporte. Por ser transparente, o material possibilitava a colagem de escudos e fotos de jogadores de futebol de campo (as vidrilhas), e a preparação do time começou a fazer parte da diversão. Os participantes montavam seus times de acordo com o clube de futebol para o qual torciam (Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco etc.), colando o rosto de seus jogadores nos botões e fazendo as próprias escalações.

Os “craques” do futebol de botão. Site Esporte Fabico

Nas décadas de 1960 e 1970, os botões passaram a ser industrializados. As fábricas usavam acrílico e madrepérola para a confecção dos profissionais e plástico para aqueles voltados às crianças. Os mais disputados eram os botões de galalite ou de acrílico, vendidos em fábricas no Meier. Entre as coleções lançadas, a mais famosa foi a Onze de Ouro, em homenagem às seleções brasileiras campeãs mundiais de 1958 e 1962 e aos times de seus jogadores (Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, América, Palmeiras, Santos, São Paulo, Portuguesa e Corinthians). Os botões eram vendidos em bancas de jornal e vinham dentro de pacotinhos, tais como as figurinhas.

As principais modalidades de futebol de botão são a Bola 12 Toques, também conhecida como Regra Paulista, a Regra Carioca e a Bola 1 Toque, ou Regra Baiana. O formato da ‘bola’ é o que determina a modalidade. Na Bola 3 e na 12 Toques, o botão é realmente de forma esférica; já na Disco, a forma é de… disco. Há, inclusive, modalidades ainda não oficiais, nas quais a bola é um cubo (dadinho). Atualmente, os discos são fabricados em plástico e as esferas, em feltro.

O futebol de botão foi oficialmente reconhecido como esporte no Brasil em 1988, pelo antigo Conselho Nacional de Desportos (CND). Hoje, o jogo conta com federações espalhadas mundo afora e campeonatos estaduais, nacionais e mundial. Numa época em que computadores e telefones celulares são tão populares, a resistência do futebol de botão é uma vitória do saudosismo e da criatividade.

Mesa de futebol de botão. Site Colégio Web

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