Invasões francesas na Guanabara II

A vitória contra as tropas de Jean-François Duclerc, no ano de 1710, não impediu um novo ataque francês. Em agosto de 1711, o governador Castro Morais foi avisado por um navio inglês sobre a existência de uma esquadra francesa vindo em direção ao Brasil. Pouco depois, em 02 de setembro, o sargento-mor de Cabo Frio anunciava a aproximação de uma esquadra invasora que seguia em direção ao Rio de Janeiro. O governador convocou as forças de defesa, mas, uma semana depois, os temores da invasão se dissiparam, e as tropas foram desmobilizadas.

Por isso, na manhã de 12 de setembro, quando o corsário francês René Duguay Trouin e seus homens entraram na baía de Guanabara, encontraram a barra totalmente desprotegida, e as mais de 15 naus que compunham a esquadra francesa puderam passar livremente, chegando sem dificuldade à cidade.

Detalhe do mapa que mostra a entrada do corsário Duguay-Trouin na baía de Guanabara em 1711, feito por De La Grange. Imagem retirada do site Impressões Rebeldes – UFF

Após o desembarque quase sem resistência, a tropa invasora tratou de dominar pontos importantes, e, dois dias depois, os morros do Livramento, da Conceição e de São Diogo já estavam ocupados pelos franceses.

No dia 19 de setembro, com as principais peças de artilharia posicionadas, Duguay-Trouin enviou um ultimato ao governador, exigindo a entrega da cidade, a fim de evitar o seu arrasamento completo. No dia 20, Castro Morais ordenou a retirada da defesa local. Na mesma noite, com medo das tropas que avançavam com facilidade, grande parte da população fugiu, deixando pertences e propriedades para trás.

René Duguay-Trouin, corsário francês que tomou o Rio de Janeiro por dois meses.
Fonte: Wikimedia Commons

Bento do Amaral Coutinho, um dos heróis nas invasões do ano anterior, caiu morto em combate a um posto francês no morro de São Diogo. Não acatando a ordem de retirada do governador, em 26 de setembro, comandou uma tropa ao morro, mas foi derrotado e ferido mortalmente.

O Rio de Janeiro ficou ocupado pelos franceses por quase dois meses. Só foram embora em 13 de novembro, quando receberam o resgate negociado com o governador: 610 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois. Os invasores não encontraram o ouro cobiçado, mas lucraram muito, inclusive com a revenda de parte dos bens roubados aos próprios moradores locais.

A culpa da derrota recaiu sobre o governador Castro Morais, apelidado pela população de “O Vaca”, por conta da covardia e inação diante da invasão. Alçado ao posto de herói em 1710, no ano seguinte foi destituído do cargo e condenado ao degredo em uma fortaleza na Índia.

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