Deposição de Washington Luís
O golpe para depor o governo Washington Luís começou em 3 de outubro de 1930, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. O Rio de Janeiro era o ponto de convergência das duas frentes armadas que partiram do sul e do nordeste.
Em março do mesmo ano, o candidato da situação, Júlio Prestes, saiu vitorioso das eleições presidenciais, com o apoio do presidente e de 18 estados da federação. A oposição, reunida em torno da Aliança Liberal (AL), reconheceu a derrota nas urnas. Mas o assassinato do candidato derrotado à vice-presidência, João Pessoa, gerou a comoção popular necessária para que civis e militares se mobilizassem para tomar o poder pelas armas. O governo usava os jornais da capital federal para espalhar falsas notícias de derrotas impostas pelas Forças Armadas aos insurgentes. Quem se arriscasse a contradizer a versão oficial era preso. A frase “O derrotista é indesejável. Queira retirar-se” foi estampada em cartazes afixados nos quadros de avisos das repartições públicas.
No dia 24 de outubro, soldados e populares ergueram trincheiras e barricadas, posicionaram canhões e metralhadoras em frente ao Palácio Guanabara e incendiaram a sede do jornal O Paiz, na avenida Rio Branco. Redações e oficinas de outros jornais foram depredadas, e seus objetos queimados em plena rua.
À meia-noite, Washington Luís saiu prisioneiro do palácio para o forte de Copacabana. A Junta Governativa Provisória, composta por dois generais e um contra-almirante, havia deposto o presidente. Em seguida, as cúpulas do Exército e da Marinha deram posse a Getúlio Vargas, o candidato derrotado nas eleições.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Marcela Telles Elian de Lima do Projeto República (UFMG).