Rio Cidade I e II
Os programas Rio Cidade I e II começaram a ser implementados a partir de 1993 e seguiram até 2007. Propunham a requalificação urbana a partir da recuperação dos espaços públicos e da reurbanização da cidade, segundo os princípios do neoliberalismo. Durante 14 anos, a cidade viveu os atropelos de repetidas intervenções urbanas calcadas em um tipo de loteamento ou fragmentação da cidade, cujos objetivos eram definidos a partir de interesses de grupos dominantes dos setores da construção civil, com o respaldo de arquitetos e urbanistas encarregados de valorizar a cidade, sua estética e sua funcionalidade.
Quando Cesar Maia e seu secretário de urbanismo, Luiz Paulo Conde, apresentaram os projetos Rio Cidade e Favela Bairro como fundamentais para a transformação do município, visavam atender às demandas da sociedade carioca com a construção da Linha Amarela – para desafogar o trânsito em direção à Barra da Tijuca e à Zona Oeste – e a criação de um corredor que diminuiria a densidade populacional da Zona Norte.
Quadro resumo do projeto Rio Cidade I. Fonte: http://www.ub.edu/geocrit/-xcol/338.htm
Então, Maia e Conde reestruturaram a administração da máquina governamental criando, em 1993, as Áreas de Planejamento (APs, as atuais subprefeituras), subdividindo as regiões administrativas em cinco. Completaram a pauta a criação da Rede Municipal de Teatro e da Multirio, além das ciclovias e ciclofaixas, a construção de escolas e hospitais e a reorganização dos eixos de tráfego da avenida Brasil e da avenida das Américas.
Até a transferência para o interior do Pavilhão de Exposições em 2003, a Feira de São Cristóvão acontecia na rua, no entorno do prédio que atualmente ocupa. Na foto, as barracas da feira em 1995. Imagem retirada do Diário do Rio
Essas modificações prepararam a cidade para grandes eventos que aumentariam o grau de internacionalização do Rio, aproveitando os impactos da ECO 92, principalmente, a possibilidade de sediar os Jogos Pan-Americanos e as Olímpiadas.Vieram ainda a criação da Cidade do Samba (2006) e a transferência da Feira dos Nordestinos da rua para o antigo Parque de Exposições de São Cristóvão, rebatizado de Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas (2003). As areias de Copacabana também serviram para a realização de eventos esportivos internacionais.
A Cidade do Samba foi inaugurada em 2006 pelo prefeito Cesar Maia. Imagem retirada do Diário do Rio
Entre 1996 e 2000, a gestão de Luiz Paulo Conde na prefeitura deu continuidade aos projetos. Novamente prefeito em 2002, Cesar Maia investiu nos equipamentos olímpicos para os Jogos Pan-Americanos de 2007, além de iniciar a construção da Cidade das Artes. O foco na região em torno da Barra da Tijuca, do Centro e da Zona Sul, com especial interesse nos bairros de Copacabana, Ipanema e Leblon, ficou evidente não só pelo modo de governar e de intervir na cidade, mas também pelas áreas escolhidas para receber as ações.
Os programas atingiram 27 bairros com serviços de escoamento de águas pluviais, construção de galerias subterrâneas para passagem de fios e cabos, facilitando a inclusão da cidade no mundo digital e favorecendo as empresas ligadas ao setor, reformas de calçadas, modernização do mobiliário urbano, iluminação e comunicação visual. Com isso, segundo Maia, o Rio estaria se tornando uma cidade acolhedora e garantindo sua inserção na categoria de city marketing ou cidade-mercadoria.