Revolta da Escola Militar da Praia Vermelha
Em novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro foi balançada pela Revolta da Vacina, uma reação à obrigatoriedade da imunização contra a varíola. As brigas e os quebra-quebras que tomaram as ruas foram a oportunidade para o estopim de uma revolta que vinha sendo ensaiada no Clube Militar. Os militares insatisfeitos com o governo de Rodrigues Alves, um representante civil da oligarquia cafeeira, tramavam um golpe contra o presidente.
Os líderes do movimento se aliaram aos estudantes da Escola Militar da Praia Vermelha. Criada em 1857, a instituição formava engenheiros civis e militares, incorporando alunos e professores atuantes no ambiente político brasileiro desde os tempos do Império. O senador Lauro Sodré, ex-aluno e ferrenho opositor à lei da obrigatoriedade da vacina, liderava os cerca de 300 revoltosos.
No dia 14 de novembro, o clima de insurgência no Rio de Janeiro atingia o seu auge, formando o ambiente ideal para a deflagração da tentativa de golpe. Partindo da escola em direção ao Palácio do Catete, os militares seguiam pela rua da Passagem quando encontraram a Brigada Policial, com tropa bem mais numerosa e em defesa do governo. Os dois grupos marchavam praticamente às cegas, pois os lampiões que iluminavam as ruas haviam sido quebrados durante as manifestações dos dias anteriores.
Em meio à quase completa escuridão, enquanto tiros estouravam de todos os lados, os dois grupos recuaram. Dezenas de mortos e feridos foram contabilizados em ambas as tropas. As forças legalistas saíram vitoriosas após bombardearem a Escola Militar com navios de guerra, durante a madrugada. A revolta causou o fechamento do centro de formação de oficiais e a expulsão dos militares envolvidos do Exército.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Helena Gomes do Projeto República (UFMG).