Revolta dos Sargentos
Marco histórico de expressão política da baixa oficialidade do Exército na jovem República, a Revolta dos Sargentos tinha como maior ambição instituir o regime parlamentar com um militar como chefe de Estado no Brasil. Seu resultado, no entanto, foi apenas o pagamento de soldos atrasados.
A mobilização ocorreu no Rio de Janeiro, entre 1915 e 1916, em um contexto de grandes dificuldades econômicas no país, agravadas pela Primeira Guerra Mundial. O grupo de revoltosos era formado por uma maioria de sargentos do Exército, com participação de políticos, trabalhadores e militantes de esquerda, como Maurício de Lacerda e Barbosa Lima. Eles buscavam melhores condições de trabalho, plano de carreira e aumento dos soldos.
Mas o levante armado nunca ocorreu. O governo do presidente Wenceslau Brás descobriu o plano dos sargentos, resultando em punições disciplinares e prisões. Após o cumprimento da sentença, parte dos militares foi expulsa do Exército e parte foi transferida para outros estados, como Bahia, Pernambuco e Paraná. Já os deputados envolvidos nada sofreram, uma vez que o Congresso não aceitou a abertura de processo.
Entretanto, grupos de soldados, cabos e oficiais se identificaram com as pautas e aderiram ao movimento, culminando em nova manifestação em fevereiro de 1916. Essa foi organizada pelos sargentos que haviam retornado das transferências, ainda com o objetivo de criar uma República Parlamentar. Assim como na primeira tentativa, o ato resultou em dezenas de militares presos. No mês seguinte, houve a terceira e última insurreição, que reivindicava também a instrução primária da população e o serviço militar obrigatório. O levante não obteve sucesso.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Júlia Kern Castro do Projeto República (UFMG).