Revolta da Vacina

De um lado, uma multidão com pedras, paus e ferros. Do outro, policiais armados com carabinas curtas e piquetes de lanceiros da cavalaria. No epicentro, a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola para toda a população da capital. Em 1904, em meio a mortes dos dois lados, o Rio de Janeiro protagonizou o que entrou para a História do Brasil como Revolta da Vacina.

A vacina obrigatória – Mario Pinheiro, 1907

O presidente Rodrigues Alves buscava modernizar a capital federal a partir de três diretrizes básicas: reforma do porto para atender às novas exigências das atividades fabris, remodelação urbana com o alargamento das vias e ampliação da iluminação pública e melhorias de saneamento básico, visando ao fim dos surtos de endemias que assolavam a cidade.

Para a questão sanitária, o renomado médico Oswaldo Cruz foi contratado como diretor geral de Saúde Pública. Promoveu a primeira campanha de vacinação do país, mas a falta de explicações acabou causando resistência em parte da imprensa e dos moradores da cidade. Desconfiados dos soros e da vacina, eles temiam, sobretudo, os violentos agentes sanitários.

Charge. O Malho, Rio de Janeiro, 19 de março de 1904, n° 0079. Hemeroteca da Biblioteca Nacional

Poucos dias após a promulgação da lei, em 10 de novembro de 1904, as agitações se iniciaram na região central e nos bairros periféricos da cidade. Durante os confrontos, houve destruição de veículos, lâmpadas da iluminação pública e calçamentos das ruas e assaltos a delegacias e repartições públicas para a redistribuição de armas, querosene e dinamite.

O governo teve dificuldade em lidar com os revoltosos, mesmo depois de pedir reforços de unidades militares de outros estados. Entre os recursos extremos usados para controlar a Revolta da Vacina, estavam o bombardeio de bairros e regiões costeiras por meio de embarcações de guerra.

Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 13 de novembro de 1904, n° 1249.
Hemeroteca da Biblioteca Nacional

O movimento chegou ao fim em 16 de novembro, com a revogação da obrigatoriedade da vacina. Os líderes civis foram encarcerados e processados por tribunais militares. Os populares, perseguidos e presos.

Este texto foi elaborado pela pesquisadora Júlia Kern Castro do Projeto República (UFMG).

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