Palace II

O Palace II era um prédio como tantos outros que irromperam no horizonte da Barra da Tijuca, durante o boom imobiliário da região, nas décadas de 1980 e 1990. Prometia lazer, segurança e conforto às 120 famílias que decidiram viver perto do mar, no bairro que se tornou símbolo de um estilo de vida. Até o fim dos anos 1970, a Barra soava como um lugar longínquo para grande parte dos moradores de outras regiões do Rio. Uma vastidão de terras que desembocava numa bela praia. Isso mudou com a chegada dos “emergentes”, como o linguajar carioca apelidou as famílias que conquistaram ascensão financeira e que ocuparam o bairro com as tintas de seu american way of life. Morar na Barra da Tijuca foi se tornando, aos poucos, sonho de consumo para muitos cariocas. Shoppings, hipermercados e grandes condomínios foram desenhando a cartografia do lugar e alimentando a especulação imobiliária, que avançou furiosamente sobre aquele pedaço da Zona Oeste. O desabamento do Palace II ilustra a parte perversa dessa especulação.

Foto: Ricardo Gomes – Escombros do edifício Palace II – 1998 – Agência O Globo

No dia 28 de fevereiro de 1998, um domingo de Carnaval, parte do prédio veio abaixo, matando oito pessoas. A tragédia só não foi maior, porque alguns moradores perceberam o risco iminente e conseguiram avisar os demais, que abandonaram seus apartamentos às pressas. Salvaram suas vidas, mas perderam quase todos os bens, documentos, fotografias, objetos afetivos, os registros de suas histórias. E não poderiam imaginar ainda que aquele pesadelo estava só começando. O inquérito provou que o prédio desmoronou devido à negligência técnica da construtora Sersan, do deputado federal e engenheiro Sérgio Naya. Esse, porém, foi absolvido no processo criminal e morreu em 2009. Mais de duas décadas após a tragédia, a maior parte dos antigos moradores ainda não recebeu o total de suas indenizações, num processo que se arrasta longamente na Justiça. Por tudo isso, o Palace II é também um marco da impunidade no Brasil.

Foto: Carlos Ivan – Escombros do edifício palace II – 1998 – Agência O Globo

Hoje, um novo prédio ocupa o terreno onde ocorreu o desabamento. A tragédia e seu impacto na vida dos ex-moradores viraram um documentário, o Palace II, sob a direção de Rafael Machado e Gabriel Correa e Castro.

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