Arte Pública

É impossível não andar pelas ruas e praças do Rio de Janeiro e não se deparar com intervenções visuais de toda ordem nos espaços urbanos da cidade. Pichações, grafites, cartazes e murais são algumas das formas em que a arte consegue intervir no olhar do grande público fora das instituições tradicionais de exibição. Cada uma delas com suas especificidades, todas têm em comum o fato de serem transgressoras em suas origens. 

Pichação em relógio na Central do Brasil, 2016. Foto: Portal R7

Mais conhecida de todas, e também mais distante das definições formais de artes visuais, as pichações funcionam como assinaturas individuais (conhecidas como tags) e cuja dinâmica é o desafio de realizar façanhas ao se conseguir pichar nos lugares mais difíceis da cidade – topos ou fachadas altas de prédios, monumentos, espaços vigiados etc. Sem contar com a simpatia da população por conta da “poluição visual” que provocam, os pichadores passaram aos poucos a ganhar status de artistas ou até mesmo a migrarem para meios mais aceitos como o grafite.

Grafite de Gais Ama, 2011. Foto: site Eko System

Com seus imensos murais coloridos e bem desenhados, o grafite se tornou, ao longo do século XXI, uma força nas ruas do Rio de Janeiro. Muitos que antes só assinavam nomes nas ruas passaram a participar de um movimento cujas obras tornaram-se parte positiva da paisagem carioca. Artistas como Toz, Gais AMA, Bragga, Piá, Anarkia, Fins, ou Ment são alguns dos nomes que atingiram alta qualidade estética e passaram a fazer parte de grandes galerias. Atualmente podemos ver espaços da cidade com os armazéns da Zona Portuária completamente ocupados com esses trabalhos. 

Ainda na seara urbana, outra vertente importante são ações de coletivos de artistas que fizeram das ruas e seus espaços o suporte de seus trabalhos. Ainda no início dos anos 2000 (mais precisamente, em 1999), há de se citar o coletivo Atrocidades Maravilhosas, uma ideia do artista Alexandre Vogler, e uma convocação para que vinte artistas fizessem trabalhos usando a técnica artesanal do lambe-lambe (cartazes de papel colados pelos muros da cidade). O grupo escolheu então espaços abandonados e pouco ligados às artes visuais – como a Avenida Brasil, a Presidente Vargas ou a Avenida 24 de Maio – para mostrarem os trabalhos. Mais recentemente, o coletivo MUDA usou a técnica de azulejos para criar de forma independente uma série de painéis na cidade, nos mais diversos lugares e nas mais diferentes escalas.

Mural do Coletivo MUDA, Jardim Botânico, 2017. Foto: site Follow the Colours

Tais manifestações talvez marquem mais a imaginação do carioca sobre a visualidade da cidade e sua relação com as artes visuais do que os trabalhos mais conceituados pelo meio artístico. De qualquer maneira, eles são a prova de que, no Rio de Janeiro, seja em qualquer bairro, classe ou origem político-cultural, a presença de um olhar estético de transformação da vida está presente e pulsante. 

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