A nova figuração (Como vai você, Geração 80?)

A década de 1970 foi intensa nas suas transformações relativas ao campo da arte. A guinada conceitual, performativa e eletrônica do período impactaram uma geração que teve, ao mesmo tempo, a abertura radical de uma cultura de massas que ampliou a presença da televisão, do design gráfico e de práticas independentes entre a juventude. Essa divisão entre a “desmaterialização do objeto de arte” e a circulação de uma cultura visual pop produziu uma geração de artistas que volta para formatos tradicionais como a pintura, porém com um tipo de abordagem renovada. 

Cartaz da exposição “Como vai você, geração 80?” – 1984 – Acervo: Memória Lage

O grande momento que demarcou o que podemos chamar de uma “nova figuração” foi a exposição “Como vai você Geração 80?”, ocorrida em 1984, com coordenação de Sandra Mager e curadoria de Marcus Lontra e Paulo Roberto Leal. A exposição foi marcante não só pela presença de diversos artistas em início de carreira e que depois se tornariam grandes nomes da arte carioca e brasileira – como Adriana Varejão, Luiz Zerbini, Beatriz Milhazes, Cristina Canale, Daniel Senise, Marcos Chaves, Sergio Romagnolo, Leda Catunda e Barrão – mas, principalmente, por ter ocorrido no Parque Lage, espaço que se tornou um dos principais polos criativos do Rio de Janeiro. 

Um dos artistas da exposição sentado ao lado de sua obra, “Composição com homem em meio corpo, de perfil, com trajes formais, com cartola, segurando um chicote na mão esquerda”, feita no muro do Parque Lage – 1984. Acervo: Memória Parque Lage

Com o impressionante número de 123 artistas como participantes, a maioria estudantes dos cursos que ocorriam na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (e alguns nomes de São Paulo), a exposição foi inaugurada no dia 14 de julho com grande presença de público, dando o tom de uma década em que a figura do artista se desloca do perfil austero dos anos anteriores para o perfil mais “rock and roll” do período — vale lembrar que a cidade receberia, no ano seguinte, a primeira edição do Rock in Rio, mega evento musical que internacionaliza o mercado de shows no país. Esse contexto é o de uma cidade em que locais como Circo Voador (primeiro no Arpoador e depois na sede definitiva na Lapa) e de coletivos artísticos como o Nuvem Cigana (poesia) e Asdrúbal Trouxe o Trombone (teatro), bandas como a Blitz e o Barão Vermelho, espaços como o Baixo Leblon e um corte cultural voltado para a Zona Sul carioca davam o tom da sociabilidade artística. 

Um artista criando sua obra no muro do Parque Lage, 1984. Acervo: Memória Lage

O grande impacto desse momento (a exposição durou apenas um mês e permaneceu como um marco divisor de águas) foi a renovação das artes visuais concomitante com a renovação política do país. Se a economia na década de 1980 viveu em um quadro de profunda crise, a força dos movimentos pró eleições diretas e a nova Constituição de 1988 casou com esse perfil mais jovem e aberto de artistas que recusam o hermetismo conceitual anterior em prol de uma linguagem direta e expressionista, superando a herança modernista em prol de um diálogo com as visualidades internacionais do período – da pintura ao cinema, da televisão à musica pop. 

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