Covid-19: o Rio e a pandemia que parou o mundo

 “Pico” – Intérprete: Chico CésarCompositor: Chico César 2020

A maior pandemia do século XXI desembarcou oficialmente no Rio de Janeiro em 6 de março de 2020. Este foi o dia em que a cidade registrou o primeiro caso de Covid-19, uma doença infecciosa causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2), que já andava rondando a China e a Itália de forma alarmante.

A alta taxa de contágio e a rapidez com a qual ela vinha se alastrando fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificasse a nova moléstia como uma pandemia do mais alto nível de risco. Houve críticas à lentidão da reação da OMS e a catástrofe se concretizou: hoje são mais de 3 milhões e meio de vítimas fatais pelo mundo.

E, infelizmente, o Brasil e o Rio têm apresentado resultados desastrosos. O país já ultrapassou a marca de meio milhão de mortes, quase 14% do número total – isso apesar do país somar apenas pouco mais de 2,5% da população mundial. E, ainda hoje, a cidade do Rio apresenta alguns dos índices mais expressivos de mortes por Covid-19 em capitais brasileiras.

Tapando os olhos. O presidente Bolsonaro se atrapalha com a máscara de proteção durante anúncio das primeiras medidas do governo para o combate à pandemia, em março/2020. Foto de Paulo Jacob – Agência O Globo

A prefeitura do Rio demorou a reagir, mas acabou seguindo o caminho adotado por outras cidades e governos estaduais: propôs a alteração dos horários de funcionamento do comércio e o fechamento das escolas, além de campanhas de conscientização para adoção das medidas de prevenção.

Entre março e abril de 2020, em ação conjunta, município e estado anunciaram a montagem de hospitais de campanha. No entanto, dos sete hospitais prometidos pelo governo estadual, apenas dois foram entregues à população. O maior deles, o hospital do Maracanã, foi desmobilizado em janeiro de 2021 – momento em que o país seguia rumo à segunda onda da doença. 

O estado e a cidade do Rio não se saíram muito bem. Os atrasos somados às investigações de irregularidades nos contratos firmados durante a pandemia no estado do Rio de Janeiro levaram ao afastamento do governador Wilson Witzel e à prisão de Edmar Santos, Secretário Estadual de Saúde. 

Em relação à cidade, a gestão do prefeito Marcelo Crivella ficou marcada por uma crise fiscal e conflitos com a Câmara Municipal – que chegou a abrir três votações de impeachment. Resultado: fechamento de unidades de saúde, escassez de medicamentos e atraso de salários dos servidores públicos de saúde.

Como se não bastasse todo esse conjunto de problemas, boa parte das medidas restritivas orientadas pela OMS foi relativizada pelo governo federal, que se empenhou mais na divulgação de tratamentos ineficazes da doença e menos na aquisição de vacinas e estímulo ao isolamento social e uso de máscaras. 

Assim, muitos setores da sociedade brasileira e carioca continuaram circulando, despreocupados pelos espaços públicos, provocando aglomerações – como aconteceu no caso de recorrentes festas clandestinas e bares lotados.

Festa clandestina no Rio reúne centenas de pessoas em plena pandemia do Novo Coronavírus. Foto de Alex Ferro/Veja – 11 mar. 2021.

As boas notícias do Rio vieram da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – em parceria com laboratórios de Oxford – que viabilizou a produção de vacinas contra a Covid e contribuiu de forma significativa para a campanha de imunização iniciada no país em janeiro de 2021, mas que ainda caminha lentamente.

Diagnósticos laboratoriais do novo Coronavírus. Autor: Josué Damacena (IOC/Fiocruz). Acervo: Fundação Oswaldo Cruz.

No Rio, a campanha começou oficialmente no dia 18 de janeiro, com um ato simbólico:  a vacinação da técnica de enfermagem Dulcineia Lopes aos pés do Cristo Redentor.

A idosa Terezinha da Conceição e a técnica de enfermagem Dulcineia da Silva receberam as primeiras doses no Rio. Foto de Beth Santos/Prefeitura do Rio

Hoje, a esperança de novos carnavais vem acondicionada em ampolas. Como dizem os versos da marchinha “Pico”, de Chico César: “estou já de braço esticado / com o muque amarrado / pra tomar esse pico / se o vírus me pega e me agarra / cadê minha marra / como é que eu fico? / não brinco o carnaval nem um tico”.

Este texto foi elaborado pelos pesquisadores Juliana de Souza Soares e Marcus Vinícius Costa Lage do Projeto República (UFMG)

Vacina Butantan” – Intérprete: MC FioteCompositor: MC Fiote2020

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