Massacre da Praia Vermelha
Em 1966, a União Nacional dos Estudantes (UNE) declarou o 22 de setembro como Dia Nacional de Luta contra a Ditadura. Embora colocada na ilegalidade durante o governo do general Castello Branco, a entidade continuava a ser a principal articuladora do movimento estudantil no período. Passeatas foram convocadas em todo o país, reivindicando o fim das violências policiais e o não pagamento de taxas e anuidades nas universidades públicas.
No Rio de Janeiro, homens da Polícia Militar (PM) e do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) ocuparam as ruas da cidade, a fim de impedir as manifestações. Os estudantes, prevendo o confronto, realizaram a passeata no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O ato saiu da Faculdade de Economia e foi acompanhado por mais de 600 secundaristas e universitários. Quando chegaram ao prédio da Faculdade de Medicina, decidiram ocupá-lo.
Tropas da PM e do Dops já se concentravam no local, quando começaram a chegar pais e professores dos manifestantes. Preocupados com um possível embate, eles formaram uma comissão de apoio e negociação. Tentavam convencê-los a sair do prédio, ao mesmo tempo em que levavam comida e agasalhos aos estudantes. As tratativas foram em vão, e a faculdade foi invadida pelas forças policiais durante a madrugada. Acuados, os jovens se refugiaram no último andar, mas foram forçados a sair pelas bombas de gás lacrimogênio.
Havia, contudo, um único trajeto pelas escadas. Ao chegarem lá, perceberam a emboscada: munidos de cassetetes, os policiais formaram um corredor polonês pelo qual os alunos tinham, obrigatoriamente, de passar. Homens e mulheres apanharam indiscriminadamente, e muitos foram presos; os laboratórios, salas de aula e anfiteatros da escola foram totalmente destruídos pela PM. A violência empregada no que ficou conhecido como Massacre da Praia Vermelha levou ao arrefecimento das manifestações estudantis de massa, que só voltariam a acontecer em1968.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Pauliane de Carvalho Braga do Projeto República (UFMG).
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