Vilas operárias – o controle por meio da moradia

O maior desenvolvimento da industrialização no Rio de Janeiro – a partir de meados do século XIX – evidenciou os problemas de habitação dentre as outras desigualdades sociais da cidade. Uma das maneiras encontradas para solucionar a falta de moradias da população que trabalhava nas fábricas, foi a construção das vilas operárias. 

Fábrica de Tecidos Alliança – à esquerda, grupo de casas da Vila Operária. Coleção O Operariado do Rio de Janeiro no início do Século XX – LABHOI/UFF

Um decreto de 30 de outubro de 1875 instituiu a isenção de impostos a empresas ou empresários que construíssem moradias para os trabalhadores. Assim, a partir dos anos 1880, o crescimento do número de fábricas foi acompanhado pelo crescimento das vilas operárias, cuja construção decorreu de dois movimentos diferentes: primeiro, dos empresários fabris que queriam manter o controle sobre seus funcionários e construíam, eles mesmos, as moradias (casos da Companhia de Fiação e Tecidos Alliança, da Fábrica de Tecidos São João e da Companhia América Fabril, por exemplo); segundo, dos empresários ligados à construção civil e que viram, na expansão das fábricas, uma boa oportunidade de lucrar com a construção de vilas para os trabalhadores, em áreas próximas às empresas (como a Vila Arthur Sauer, ao lado da Fábrica Carioca, e as vilas Senador Soares e Maxwell, ao lado da Companhia Confiança).

Conjunto residencial próximo à fábrica Confiança, em Vila Isabel. 1958 – Acervo Biblioteca do IBGE

Mas, além de resolver o problema de moradia, as vilas operárias também funcionavam como ferramenta de controle dos trabalhadores. Faltas, greves e contestações aos donos das fábricas geravam a expulsão dos operários que,  para morar nas vilas, deveriam ser assíduos no trabalho. Ter operários vivendo nas vilas poupava ao empresário o custo com o transporte desses trabalhadores – que  passavam a ter seu cotidiano regido pelo apito da fábrica – e também justificava a baixa remuneração da mão de obra, já que os aluguéis eram descontados na folha de pagamento.

Funcionários em frente à Vila Arthur Sauer. Os horários dos operários eram ditados pelo apito da fábrica. Revista da Semana, 10 de março de 1901 – Hemeroteca Digital

Outro aspecto positivo para os patrões, era a possibilidade de empregar mais de um membro da família. As condições insalubres de trabalho e os baixos salários  muitas vezes tornava necessário que todos, ou quase todos os membros da família trabalhassem, incluindo mulheres e crianças.

Inauguração de uma vila operária em Marechal Hermes. Autor não identificado, 1947. Acervo Arquivo Nacional [BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02358_d0002de0005]

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