Revolta dos 18 do Forte
Em 5 de julho de 1922, tenentes do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro se sublevaram em oposição à vitória do candidato à presidência Arthur Bernardes e ao processo eleitoral. Os militares já estavam insatisfeitos com a República, controlada pelas oligarquias agrárias de Minas Gerais e São Paulo. Tendo como palco principal o Forte de Copacabana, o levante, que terminou com a adesão de apenas 18 militares, entrou para a história como a Revolta dos 18 do Forte.
Arthur Bernardes disputou com Nilo Peçanha a sucessão presidencial de Epitácio Pessoa, aumentando as contradições entre o Exército e as oligarquias dominantes. A situação foi agravada, quando a imprensa divulgou cartas supostamente escritas pelo candidato Bernardes, com acusações ao Exército e ofensas ao marechal Hermes da Fonseca, presidente do Clube Militar. Uma desavença com Epitácio, sobre a sucessão estadual de Pernambuco, resultou na prisão do marechal e no fechamento do Clube Militar, em 2 de julho de 1922.
Dias depois, iniciou-se o levante. Diferentemente dos planos iniciais, que previam a adesão de outros estados e setores, somente o Forte de Copacabana e a Escola Militar de Realengo o concretizaram. Os rebeldes bombardearam vários polos militares, como o Quartel General e o Arsenal de Marinha. Após breves combates, as forças do governo dominaram a sublevação, restando apenas o Forte de Copacabana.
Os líderes da revolta liberaram a saída dos combatentes que o desejassem, escolha feita pela maioria dos 301 envolvidos. Munidos de fuzis e revólveres, 28 oficiais decidiram prosseguir e saíram em marcha pela avenida Atlântica para confrontar a tropa legalista. No trajeto, receberam a adesão de um civil, Otávio Correia, e a desistência de dez dos militares. Os últimos 18 revoltosos marcharam em meio ao tiroteio. Apenas dois deles sobreviveram: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, importantes personagens nas décadas seguintes.
Este texto foi elaborado pela pesquisadora Júlia Kern Castro do Projeto República (UFMG).