Greve do Lloyd Brasileiro de 1913
Desde sua fundação, em 1890, a Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro enfrentava crises financeiras e, até ser transformada definitivamente em patrimônio nacional, em 1913, sofreu inúmeras intervenções: foi incorporada à Empresa de Obras Públicas do Brasil em 1892 e, nos anos seguintes, passou por “oito regimes administrativos diferentes: […] intervenções do governo federal e do Branco do Brasil, foi transformado em sociedade anônima, sofreu uma liquidação forçada e seus bens vendidos em leilão, foi novamente reorganizado nos moldes de uma empresa privada até ser definitivamente encampado em 1913.” (GOULARTI FILHO, p. 4)
Diante deste cenário turbulento e de problemas financeiros da empresa, no dia 16 de julho de 1913, 800 operários entraram em greve por conta do atraso de dois meses e meio de seus salários. No dia anterior, eles haviam se reunido na Federação Operária para discutir a recusa por parte do Lloyd em pagar os salários. Os trabalhadores procuraram a diretoria mas nada aconteceu.
No dia 16 de julho, as oficinas ficaram vazias. Os grevistas organizaram uma comissão para tentar retomar as negociações, redigindo um ofício explicando o porquê da decisão. O presidente do Lloyd se recusou a recebê-los, alegando que os componentes da comissão eram da Federação Operária do Rio de Janeiro e que ele não reconhecia a representação da instituição. Não recebeu os operários e decidiu demitir os grevistas.
Sem suporte da diretoria, os operários foram à residência do ministro da Viação, Barbosa Gonçalves. Ao ser informado que apenas os funcionários das oficinas do Lloyd estavam sem pagamento, prometeu se reunir com o ministro da Fazenda para resolver a questão.
Além dos atrasados, os trabalhadores reivindicavam a regularização dos pagamentos futuros e a manutenção do emprego de todos os grevistas. Depois das articulações entre o ministro da Viação com o da Fazenda, 1 mês de salário foi pago a alguns funcionários, mas os pedreiros e serventes continuaram sem receber. Por este motivo, a greve só teve fim no dia 01 de agosto, com a crise sanada e a demissão da antiga diretoria.