Cine Lux, o famigerado cinema de Marechal Hermes
Autores: Amanda Cardoso Coutinho dos Santos, Anna Beatryz Lobato Teixeira, Juliana Gouvêa Ferreira da Silveira, Leticia Barbosa Pinheiro Lopes e Vynicius Marcílio Reis de Moura.
O cinema, também conhecido como a sétima arte, pode ser definido como a arte e a técnica da cinematografia. Ele foi criado pelos irmãos Lumière e teve sua estreia em 1895, com o filme intitulado “La Sortie de L’usine Lumière à Lyon” (em português, “A saída da Fábrica Lumière em Lyon”), que registrava justamente a saída dos funcionários do interior da empresa Lumière, na cidade de Lyon, na França.
No bairro de Marechal Hermes, no Rio, em 1934 surgiu um cinema chamado Cine Lux, também conhecido como bolhinha. Ele ficava na praça Montese, nº3. Este espaço de entretenimento, cujo dono era conhecido como Jorge, foi inaugurado com a exibição do filme Viva Villa (direção de Jack Conway, Howard Hawks e William A. Wellman). Na ocasião, estavam presentes diversas autoridades, como os Ministros do Trabalho e da Educação, o interventor Pedro Ernesto, o diretor da Central do Brasil e o presidente do INP (o atual INSS).
Após este evento, foram exibidos outros filmes, de diversos gêneros: terror, ficção científica, drama policial, conteúdo pornográfico, entre outros. Filmes nacionais como “A morte comanda o cangaço”, “Quem matou Lúcio Flavio?”, “Assim era a Atlântida” também foram exibidos no Lux, que tinha alguns funcionários como “atrações”: o bilheteiro, conhecido como Carlos, e os lanterninhas apelidados de Tarzan e Montanha, por possuírem aparência esguia.
O Cine lux pelos olhos de seus clientes
- Arlindo Henriques Batista (59 anos) – ex-militar
“Em 22 de dezembro de 1988, quando eu ainda trabalhava no Exército, decidi abrir uma barraca de cachorro quente para obter uma renda extra, minha barraca se localiza em frente ao antigo Cine Lux. Este cinema era bastante frequentado por moradores do bairro de Marechal e nele só havia uma sala grande. Um dos filmes que eu lembro de ter visto foi Kung Fu”.
- Jorge Luis Lopes (54 anos)
Relatou que na época em que conheceu o Cine Lux tinha em torno de 7 ou 8 anos e costumava frequentar sozinho ou com a família. Documentando suas experiências no cinema ao longo de aproximadamente 10 anos, disse que se lembra claramente que ao entrar, sentia um forte cheiro de inseticida: o entrevistado relata que havia pulgas no local, por conta da umidade e falta de ventilação. O lugar também era muito abafado e Jorge se lembra das cadeiras de madeira diante da tela do cinema. Alguns filmes que já assistiu: “O marujo trapalhão”, “Simba”, ”Loucademia de polícia”, e” Dois tiras fora de ordem”. Vale salientar que ele se mostrou muito grato e saudoso pelos momentos que vivenciou ali e por poder trazer à memória lembranças que com o tempo foram sumindo.
- Vangelita Lopes Barbosa Soares (49 anos)
Conheceu o Cine Lux quando tinha 16 anos. Ela estudava em Anchieta e, num passeio promovido por sua escola municipal, a turma visitou o cinema.
Este foi seu primeiro contato com o cinema. Por isso, mesmo com o passar dos anos ela se lembra exatamente o nome do filme que assistiu: “Vidas Secas” – baseado no livro de Graciliano Ramos. Na sua segunda ida ao Cine Lux, ela foi acompanhada de sua irmã (já falecida) e o filme que elas assistiram foi “Stallone Cobra”. Como são memórias das quais ela gosta muito, ela se lembra até da roupa que usava no dia em que visitou o Cine Lux: um vestido azul de listras pretas com um cinto preto.
O Cine Lux foi um lugar que capturou momentos e memórias. Sua importância foi singular para cada indivíduo. Poder evidenciá-las é muito importante, pois desta forma, temos contato direto com a história do estabelecimento e das pessoas que tiveram acesso a ele.
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