Aterro do Flamengo

O Aterro do Flamengo é um legítimo exemplo de reconfiguração urbana, pois abriu a cidade para o novo e consolidou costumes, hábitos e valores. Também deu mais vida ao Museu de Arte Moderna – MAM Rio, até então isolado na paisagem. O antigo Aterrado Glória-Flamengo recuperou a história e as tradições da cidade, recolocando sua baía no horizonte dos cariocas.

Era outro Rio, capital do novíssimo estado da Guanabara, a Belacap, e se preparava a grande festa do quarto centenário de fundação da cidade. Maria Carlota (Lotta) Macedo Soares e Carmen Portinho se destacaram na concepção e na direção do projeto, apresentando o novo urbanismo carioca. Eram rodeadas por um conjunto de atores que construíram o que vários jornais chamavam de o “ninho dos gênios”, como Burle Marx. A ideia era romper com as formas dos parques tradicionais. A equipe era multidisciplinar e incluía a educadora Ethel Bauzer Medeiros, que pensou em áreas de lazer para crianças desenhadas por Affonso Reidy. Havia no parque tudo que envolvia as tradições da cidade, dos campos de futebol à marina da Glória, dos teatros e pequenos museus aos grandes espaços de circulação esportiva.

Lotta Macedo Soares (no centro da mesa) com Magu Leão, Burle Marx e Jorge Moreira. Foto de Alli [CPDOC JB RJ] – Site Vitruvius

A ideia do parque começou a germinar em 1929, quando Reidy, então estagiário de Alfred Agache, observava a sucessão de propostas que eram feitas para reformulação da cidade a partir da área da Esplanada do Castelo, para onde, depois do desmonte do morro, a cidade se alargou. Some-se a isso os aterros que já haviam sido feitos quando da construção da avenida Beira-mar, da Praça Paris, da ocupação da área pela Exposição Comemorativa do Centenário da Independência e para a construção da avenida que ligava o Flamengo a Botafogo.

Em 1948, Reidy assumiu a direção do Departamento de Urbanismo da Prefeitura do Distrito Federal e, pela primeira vez, mencionou a ideia de construir um parque no Aterrado Glória-Flamengo, que se inspirasse no Projeto da Cidade Radiosa de Le Corbusier, uma cidade imersa em jardins e no verde. 

Em 1953, ele desenvolveu o projeto do MAM no aterrado e retomou a ideia do parque como entorno do museu. Em 1961, o governador do estado da Guanabara criou o Grupo de Trabalho para desenvolver o projeto do parque e a presidente do grupo, Lotta Macedo Soares, convidou Reidy para elaborar o projeto. Lotta também imaginou no aterrado um parque que organizasse a área no sentido estético e da mobilidade, criando ligação entre as várias zonas da cidade e integrando o aeroporto Santos Dumont, o MAM e o Monumento aos Pracinhas. O conceito de Lotta e Reidy prosperou, ganhou forma e se constituiu na grande novidade dos anos 1960. 

O Grupo de Trabalho criado por Lacerda era composto por Affonso Reidy, Jorge Machado Moreira (projetos urbanísticos e paisagísticos), Berta Leitchic (engenharia), Ethel Bauzer Medeiros (recreação e lazer), Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes e Hélio Mamede (responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos). Também deram suporte ao grupo nomes e entidades como Luiz Emygdio de Mello Filho, diretor de Parques e Jardins, Burle Marx e Arquitetos Associados, projeto paisagístico, o Laboratório de Estudos Marinhos de Lisboa, estudos hidráulicos, e o lighting designer Richard Kelly, iluminação.

Desenho de Burle Marx para o Parque do Flamengo. Site RW Paisagismo

Entregue à cidade como Parque IV Centenário, em 1981, passou a se chamar Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, após decreto assinado pelo prefeito Julio Coutinho. A partir de 1988, a região entre o Monumento aos Pracinhas e o final dos jardins da Praia de Botafogo receberam o nome de Parque Carlos Lacerda; a área entre o Aeroporto Santos Dumont e o monumento continuou como Parque Brigadeiro Eduardo Gomes. Hoje, no entanto, o parque e a região no entorno são conhecidos simplesmente como Aterro do Flamengo.

Aterro do Flamengo em 2014, visto a partir do morro da Urca. Fotógrafo não identificado – Wikimedia Commons

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