Amarildo
“Onde está Amarildo?”. O sumiço repentino do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, em julho de 2013, tornou-se emblema de uma realidade que quase sempre parece naturalizada à paisagem carioca: a violência e o abuso policial.
Amarildo saiu de sua casa, na Rocinha, para comprar limão e alho para temperar os peixes que havia pescado para a família. Nunca mais voltou. Não fosse o empenho de sua mulher, Elizabete, provavelmente, o caso não teria assumido as proporções que tomou, fazendo ecoar a pergunta indignada pelo país inteiro.
Testemunhas haviam visto Amarildo ser levado por policiais militares à sede local da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para prestar esclarecimentos. Os motivos para essa condução nunca foram explicados. A Justiça concluiu que, após chegar à base da UPP, Amarildo foi torturado até a morte. O corpo dele não foi encontrado até hoje.
Em março de 2019, foram absolvidos quatro dos 12 policiais militares condenados em primeira instância pela tortura, morte e ocultação de cadáver do ajudante de pedreiro. Sua família — a mulher, Bete, e os seis filhos — sofrem até hoje o luto, o estigma e as dificuldades financeiras agravadas com o assassinato de Amarildo por agentes do Estado.