Greve dos Metalúrgicos

12 de setembro de 1979: ao lado das manchetes que reverberavam o retorno de lideranças políticas exiladas pela Ditadura Militar, os jornais cariocas informavam que mais de 250 mil metalúrgicos, quase todos do Rio de Janeiro, haviam cruzado os braços. Eles exigiam reajuste de 83%, piso salarial de seis mil cruzeiros, estabilidade no emprego para grávidas e vagas em creches para os filhos dos trabalhadores. Era a primeira paralização da categoria em 15 anos, desde que os militares se assentaram no poder e passaram a proibir greves e manifestações públicas.

A articulação foi feita à boca miúda: para driblar a vigilância dos patrões, pequenos grupos confabulavam nas mesas dos refeitórios, em cochichos nas máquinas, ou mesmo nos banheiros. O que aparentavam ser momentos casuais de trabalho eram, na verdade, encontros furtivos para debater as pautas da paralisação. No dia 11 de setembro, quando os trabalhadores se reuniram em uma assembleia lotada no Sindicato dos Metalúrgicos – localizado na rua Ana Neri, São Cristóvão –, a greve já era ideia fixa.

Metalúrgicos em assembleia na sede do sindicato decidem pela greve.
Foto de A. Philot – 11/09/1979 – Fundação Perseu Abramo.

Porém, a adesão de mais de 90% da categoria surpreendeu até mesmo as lideranças sindicais. Ao longo da semana, foram diários os piquetes nas portas das fábricas, como nos bairros do Caju e do Jacaré, e nos estaleiros da cidade, assim como a repressão policial, também diárias, com prisões e denúncias de intimidação aos grevistas.

Sindicalistas promovem piquete durante a greve dos metalúrgicos – 12 de setembro de 1979.
Jornal da República, São Paulo, Ano 1979/edição 00016. Fundação Biblioteca Nacional.

Após uma série de negociações, os trabalhadores aceitaram a proposta patronal. Receberam aumento de 75% e piso de três mil e novecentos cruzeiros, além da garantia de que não haveria demissões até 1º de novembro. Para além dos ganhos, a greve representou uma experiência renovadora no movimento sindical da cidade, com a formação de novas lideranças e do elo de fraternidade na categoria.

Este texto foi elaborado pelo pesquisador Davi Aroeira Kacowicz do Projeto República (UFMG).

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