Trabalho

Da estiva sou patente
Negro ruim de desistir
Trecho do samba enredo “Pequena África: da Escravidão ao Pertencimento” – Acadêmicos de Vigário Geral (2022)

Barraca de mulheres livres, Rio de Janeiro. Henry Chamberlain (atribuído), a partir de Joaquim Cândido Guillobel. Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo

Fossem cativos postos ao ganho que ao final do dia ou da semana teriam que levar o jornal (como se fosse uma diária a ser paga) ao seu senhor, ou libertos vivendo sobre si, que precisavam sobreviver ou juntar para a compra de algo ou da liberdade de alguém, africanos e seus descendentes constituíram a força de trabalho por excelência na cidade do Rio de Janeiro.

Havia o trabalho de barbeiros, muitos desses também com habilidades para curar ferimentos e cuidar dos dentes, como também curandeiros respeitados que eram conhecedores de ervas e beberagens para o trato de diferentes males, e também artesãos de diferentes ofícios, vendedores de verduras e frutas, doceiras, vendedoras de angu e muitas outras. Essas atividades faziam com que muitos circulassem não só pela região portuária como por áreas do centro, oferecendo serviços e mercadorias, e transportando tudo que a cidade precisava.

Os pés com uma forma quase “animalizada” e expressões vazias. A visão de um europeu sobre os escravizados. Barbeiros ambulantes. Jean Baptiste-Debret, 1835. Acervo Brasiliana Itaú

A Pequena África também foi onde surgiu a União dos Operários Estivadores, em 1903, referência na história das lutas sociais no país e reduto de uma militância negra que enfrentou duros embates. Em 1905 foi fundada na região, a Sociedade de Resistência dos Trabalhadores de Trapiche e Café, sindicato cuja primeira diretoria era de maioria negra, formada por filhos de africanas.  Ambos os sindicatos, que estão entre os primeiros do Brasil, protagonizaram uma grande greve em 1906, que resultou vitoriosa para os trabalhadores. Entre as muitas histórias de trabalhadores africanos da estiva no início do século XX na Pequena África, está a de Antônio Mina, constantemente perseguido pelas autoridades, acusado de feitiçaria e outros delitos.

Sebastião Oliveira , trabalhador portuário, membro da Sociedade de Resistencia e fundador do Império Serrano. Arquivo público do Estado de São Paulo

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