Batuques e samba

Tia Ciata,
Que era bamba pra valer,
Não desprezava um pagode
Antes do dia amanhecer

Trecho de “Praça Onze, carioca da Gema” – Acadêmicos do Salgueiro, 1970

“Roda de samba”, 1948. Tela de Heitor dos Prazeres. Retirada do site História das Artes

Tia Ciata e Tia Carmen do Xibuca (Carmen Teresa da Conceição) fazem parte do grupo que sai da região portuária e vai morar, no início do século XX, em outro local de residência e reunião de descendentes de africanos: a Praça Onze. Ali na Praça e em seus arredores, em casas das tias, ocorriam encontros de músicos e instrumentistas. João da Baiana, Donga, Sinhô e Pixinguinha, além de outros baluartes do samba carioca circulavam por esta ampla região — nomeada por Heitor dos Prazeres como uma “África em miniatura” nos anos 1920 — que ia da zona portuária até as encostas do Morro do São Carlos.

Praça Onze, c. 1922. Augusto Malta. Acervo Biblioteca Nacional

Tia Ciata fazia reuniões em que se juntavam esses grandes músicos que deram origem ao samba carioca. Era lá, também, que muitas vezes se abrigavam negros recém-chegados de outras regiões do Brasil. Na Pequena África surgiram os primeiros ranchos carnavalescos no século XIX e, no século XX, as escolas de samba. Entre as tias também sobressai a figura de Perciliana Maria Constança, mãe do famoso João da Baiana — instrumentista, passista e compositor nascido no Rio de Janeiro. Conhecido como o introdutor do pandeiro no samba, circulava naqueles espaços juntamente com outros artistas populares, chegando, na década de 1920, a gravar programas de rádio.

João da Baiana na Pedra do Sal, s/d. Acervo Casa do Choro

Lugar de chegada, abrigo, encontro e criação, as casas das tias, os terreiros e as esquinas da Pequena África foram o espaço de resistência e criação da cultura negra carioca. Mais tarde, as obras e demolições na região, para a expansão do espaço urbano, fizeram migrar, para outras regiões da cidade, essas pessoas, que partiram carregando a força da tradição de matriz africana.

A Pequena África é também um espaço de luta. Por essa razão seu significado é assinalado com a estátua que representa Zumbi dos Palmares — herói negro na luta contra a escravidão no Brasil —, monumento urbano que fica bem ao lado da Praça Onze.

Monumento em homenagem a Zumbi dos Palmares, instalado onde antes ficava a Praça Onze. Imagem retirada do Portal Geledés

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