O Grupo Frente
Durante os primeiros anos da década de 1950, jovens artistas no Rio de Janeiro ainda viam como destaques absolutos das artes locais e nacionais mestres como Cândido Portinari e Di Cavalcanti. Dois pintores cujas temáticas realistas ainda mobilizavam representações de um Brasil ligado ao ideário nacional popular do modernismo. Com o incremento de novas informações, tanto estéticas quanto políticas, trabalhos desses pintores já não representavam para as novas gerações as ideias que surgiam em diferentes escolas e cursos da cidade.
No MAM-RJ, era o pintor Ivan Serpa quem conduzia um concorrido curso de formação. Voz ativa nos debates da época em que a polêmica entre arte figurativa e abstrata, Serpa foi premiado na I Bienal Internacional de São Paulo como melhor pintor jovem do país apostando na segunda vertente. Nesse contexto de transformações, foi o professor e artista quem teve a ideia de arregimentar um grupo de alunos para a formação de um coletivo de ação renovadora. Através de encontros e exposições com seus estudantes, a busca de espaços para a invenção das formas e a afirmação do abstracionismo (apesar de também aceitar outras vertentes), resultou na criação em 1954 do Grupo Frente.
Pela diversidade do grupo, os encontros fora das aulas de Serpa ocorriam em diferentes espaços da cidade: desde a casa do professor no bairro do Méier, até as casas de alunos como Vicente Ibberson no Leblon, Lygia Pape no Jardim Botânico ou a casa de Décio Vieira em Copacabana. Apesar de não trazer uma arte dedicada a uma imagética da cidade, o grupo era essencialmente ligado aos rumos que as artes cariocas passaram nos últimos anos de ímpeto desenvolvimentista, mostrando uma nova força pictórica, gráfica e urbana que nascia do seu cotidiano cada vez mais adensado e industrial.
Nomes até então iniciantes e hoje com grande valor histórico como Abraham Palatinik, Aluísio Carvão, Ivan Serpa, Lygia Pape, Franz Weissman, Aluísio Carvão, Lygia Clark, João José, César e Hélio Oiticica (então com 17 anos) e Décio Vieira passam a criar trabalhos que deslocam o apelo figurativo e nacional da arte modernista em direção a uma perspectiva mais gráfica, teórica e internacional. Articulada com uma nova crítica que surgia através de nomes como Mário Pedrosa, Mário Barata e Ferreira Gullar, o Grupo Frente conseguiu marcar uma virada nas artes cariocas e brasileiras.
A primeira exposição que realizaram, ainda em 1954, ocorreu no IBEU com apresentação de Gullar. Já a segunda foi inaugurada no MAM em julho do ano seguinte, com apresentação de Pedrosa. A diversidade de trabalhos, abordagens e técnicas – da pintura à gravura, passando também por colagens e esculturas – abria um novo campo para as novas gerações que podiam interagir com o grupo e seus trabalhos. O Grupo Frente ainda realizou duas exposições fora do, então, Estado da Guanabara: uma em março de 1956 no Itatiaia Country Clube, em Resende, e outra em junho do mesmo ano, na Cia. Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda.