Arte e Design: o caso da ESDI

O ideal modernizador do desenvolvimentismo que atravessou diversos campos da sociedade na década de 1950 impactou definitivamente as artes visuais. Era um momento decisivo em que uma nova geração de artistas e novas instituições dialogavam com vanguardas europeias e norte-americanas, incorporando elementos e ideias do abstracionismo e de sua vertente geométrica, do construtivismo de matriz russa e do design ligado às escolas alemãs da Bauhaus e de Ulm. Nesse cenário, a Bienal Internacional de São Paulo de 1951 se torna um espaço definitivo de passagem geracional ao colocar, lado a lado, trabalhos de Di Cavalcanti e Portinari e as esculturas de Max Bill, como a famosa obra “Unidade Tripartida”.

Exposição da ESDI na segunda bienal brasileira de desenho industrial, em 1970. Fonte: Souza (1996) – Research Gate

Foi também nesse período a fundação dos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, vetores importantes para que trabalhos internacionais emblemáticos circulassem com mais frequência ou até mesmo pela primeira vez no Brasil, como os de Alexander Calder, Piet Mondrian, Kasemir Malévicht ou demais artistas ligados a movimentos da arte abstrata europeia. Essa abertura de horizontes causou impacto na formação dos artistas que passam aos poucos a ocupar os novos museus e cadernos de cultura. 

Junto ao pensamento abstrato e geométrico, promovido principalmente através de seus manifestos e teorias, ocorre o amadurecimento do design como campo teórico e prático em escolas como o Instituto de Arte Contemporânea do MASP. Nesse contexto, surge em 1962 a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), como viria a ser conhecida, a partir de iniciativas do MAM-RJ como a Escola Técnica de Criação, elaborada em 1955 pelo designer argentino e professor da Escola de Ulm, na Alemanha, Tomás Maldonado, e do curso de Gráfica Experimental, criado pelos designers Alexandre Wolner e Karl Heinz Bermiller em 1961. Dessas iniciativas, a dupla produz um plano baseado nos ensinamentos de Ulm (onde ambos foram alunos) e fazem do MAM um laboratório criativo que se articulava ao projeto do Governador Carlos Lacerda (1960-1964) em transformar a cidade em um polo tecnológico industrial. 

Aloisio Magalhães, Logotipo do IV Centenário do Rio de Janeiro, 1965. Portal MultiRio

A experiência do design gráfico no Rio de Janeiro, para além da criação da ESDI (definida primeiro com escola entidade autônoma, até ser incorporada como parte da UERJ, sempre localizada no bairro da Lapa), criou uma interface com as artes visuais através do diálogo com o abstracionismo e a geometria da geração neoconcreta e com o apelo fortemente gráfico da geração de pintores da década de 1960. Nomes fundamentais como o pernambucano Aloísio Magalhães, criador do logotipo do IV Centenário do Rio de Janeiro, participam desse processo gestado no Museu de Arte Moderna ao lado dos cursos de arte e dos movimentos coletivos que surgiram no período. Seu trabalho transforma a cidade – nesse momento já ex-capital nacional – em uma referência nacional do design.  

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