O Bloco das Piranhas

Autores: Luísa do N. Noronha,  Evelyn Peres, Raissa Cristina Silva de Almeida e  Bryanna Leonna S. De Castro

Sua história

Além de maior polo comercial da Zona Norte e segundo de toda a cidade do Rio de Janeiro (perdendo apenas para o SAARA, no centro), Madureira também é um dos maiores berços do samba carioca. Embora muito tempo tenha se passado desde o início do envolvimento do bairro com os tão famosos blocos carnavalescos, até hoje vemos tradições famosas – como a do popular Bloco das Piranhas, onde os homens se vestem de mulher e saem para pular carnaval – sendo reproduzidas por nossa sociedade.

O Bloco das Piranhas é o destaque do carnaval de rua de Madureira – Carnaval. Fonte: extraonline

O Carnaval é uma festa onde você pode ser e fazer o que você quiser, onde você pode se vestir de mulher e sair pulando sem ser discriminado, afinal tudo é uma grande brincadeira. No Bloco das Piranhas em Madureira, os homens se fantasiam de mulher sem medo. É algo que virou tradição desde o surgimento. Os homens, até mesmo os heterossexuais casados, vão se divertir e zoar. É claro que na época em que tudo começou existiam pessoas que não gostavam da ideia, assim como existiam aqueles que nem de Carnaval gostavam. Mas todos os homens, ou a maioria deles, brincavam, pulavam e se divertiam sem medo de serem discriminados ou julgados pela vestimenta ou comportamento feminino. Até as mulheres e crianças participavam e até hoje participam. O Bloco também é visto como um ato de coragem para aqueles que desejam se assumir, pois é uma forma de enfrentar a sociedade e soltar a mulher que têm dentro de si. Pode-se pensar no Bloco das Piranhas não só como uma festa divertida, mas também como refúgio para todos os homens gays e pessoas trans, que finalmente podem vestir-se como quiserem sem o medo do preconceito. É um símbolo de resistência implícito.

Homens fantasiados de bailarinas curtem o Bloco das Piranhas no carnaval de Madureira Foto: Nina Lima / Extra / Agência O Globo

O Bloco das Piranhas, durante 25 anos, foi um dos maiores Blocos Carnavalescos da cidade. E não apenas isso, pois foi mais uma ponte entre o futebol e o samba, marcando a vida de muita gente e principalmente de muitos jogadores, como Zé Roberto Padilha, que diz: “Desde que Moisés, o zagueiro Xerife, então jogador do Vasco, com a ajuda de alguns companheiros, entre eles o Alcir e meio time do Olaria, saíram num sábado de carnaval vestidos de mulher pelas ruas de Madureira, que o Bloco das Piranhas entrou de vez na vida de cada um de nós, boleiros. Tanto tempo depois, ainda saímos de Piranhas, como ontem, irrecuperáveis, irreverentes e festeiros. Desde este episódio, ocorrido no começo da década de 70, só deixei de sair no bloco uma vez. Em 1975. Pois justo no sábado de carnaval deste ano, Francisco Horta, nosso presidente, resolveu marcar um jogo no horário de sua saída. E logo no Maracanã, contra o Corinthians. Motivo? Apresentou Roberto Rivelino, um tricampeão que nem um torcedor da fiel queria mais.” Embora o futebol e o carnaval já não sejam tão “unha e carne” quanto antes, ainda há a lembrança carinhosa de quando Madureira era mais um ponto de encontro entre os carnavalescos e jogadores. (Museu da Pelada)

Desfile do Bloco das Piranhas, nas ruas de Madureira em 1979. Fonte: flickr – Caminhos de Cascadura

Em períodos festivos como o Carnaval, são comuns os trios elétricos, ruas abarrotadas de pessoas, batuques e música em volume ensurdecedor, mas obviamente há consequências negativas desta superexposição ao som alto. O limite máximo recomendado de exposição é de 85 decibéis e, caso essa quantidade for ultrapassada, existe risco de perda auditiva. Nessa época, torna-se também mais intensa a ocorrência de quedas e acidentes traumáticos causados por desastres automobilísticos. E, além de tudo isso, com a chegada do Carnaval, dois temas relevantes de saúde pública merecem atenção especial das autoridades e da própria sociedade: as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialmente o vírus do HIV, e a gravidez na adolescência. Todas as campanhas educativas de prevenção são intensificadas nesta época do ano, buscando reverter um quadro cada vez mais crescente e real.

Acrescentando mais um perigo gradual e aterrorizante que não poderia faltar nessas ocasiões, principalmente em Madureira, que já é cheia por si só, há também os famigerados “batedores de carteira”. O trânsito de pessoas torna-se ainda mais intenso durante o Carnaval, facilitando o trabalho desses ladrões.

Retornando ao assunto do Bloco das Piranhas, devemos citar Ocilon Dutra, “um ex-brincante que utilizava tinta guache e spray para produzir suas fantasias, cujo serviço contava com o auxílio de uma figura um pouco inusitada para a época. ‘Certa vez, algumas pessoas abordaram meu pai na rua para avisá-lo que o filho era a rainha do Bloco das Piranhas. «Tranquilo», ele respondeu. «Eu o ajudo a vestir as fantasias»’ (…). Na opinião do ex-brincante, o Bloco representou um foco de resistência contra o machismo e preconceito.” (Jornal A Crítica)

Folião no Bloco das Piranhas. Fonte: extraonline

Professora: Josélia Castro

Turma: 2004

Referências:

Museu da Pelada

Jornal A Crítica

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