Ilha do Pinheiro

Nas décadas de 1920 e 1930, as políticas públicas de saúde no Brasil foram estruturadas tendo o Instituto Oswaldo Cruz como um dos pilares. A visão do restante do Brasil sobre o ‘sertão’, que em termos gerais envolvia todo o interior do país, era de que se tratavam de terras repletas de pessoas doentes, assoladas pelas verminoses e doenças tropicais como malária, febre amarela e outras zoonoses. 

Ilha do Pinheiro, tendo ao fundo o Pavilhão Mourisco. s/d. Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Desde os tempos em que era Instituto, a atual Fundação Oswaldo Cruz aproveitou a natureza do território às margens da Praia de Inhaúma para a criação de animais para fins de pesquisa científica. Nas cavalarias à beira-mar, produzia-se soro a partir da criação de cavalos. Ao lado do Castelo (como é conhecido o Pavilhão Mourisco), aquários permitiam compreender as dinâmicas de vetores de doenças, como caramujos. E macacos serviram de cobaias para vacinas, remédios e pesquisas sobre enfermidades.

Carlos Chagas (1871-1934), um dos mais importantes cientistas da história do Instituto e se tornou referência na pesquisa sobre doenças. Foi ele quem revelou a dinâmica de uma das enfermidades que assolavam os habitantes do interior com febre intensa, dor de cabeça e fraqueza – levando a óbito muitos dos contaminados. Transmitida pelo barbeiro, quando este inseto está contaminado pelo protozoário Trypanosoma cruzi (batizado em homenagem à Oswaldo Cruz), essa enfermidade ficou conhecida como Doença de Chagas.

Construção e vegetação da Ilha do Pinheiro. Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Em 1932, Carlos Chagas trouxe da Índia 100 indivíduos da espécie de macaco Rhesus para realizar pesquisas de vacinas e remédios contra a febre amarela. Era preciso um local isolado, onde os animais pudessem ser mantidos e observados em liberdade. A Ilha do Pinheiro, território que pertencia ao Governo Federal, teve sua posse adquirida pelo Instituto Oswaldo Cruz e foi o local escolhido para condução destes experimentos biomédicos.

Após sucessivos aterros, a Ilha do Pinheiro passou a fazer parte do território da Maré. Após o território insular ter sido anexado ao continente, a colônia dos primatas foi desativada no local. Os animais foram transferidos para o campus da Fiocruz.

Reportagem sobre macacos na Ilha dos Pinheiros. Fonte A Noite Ilustrada(Suplemento) 12/06/1945 p. 24 e 25. Fundação Biblioteca Nacional

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