Carlos Cacique Vergara de Ramos

O título desta memória é um jogo de palavras com os nomes do artista visual Carlos Vergara e o bloco carnavalesco Cacique de Ramos. No início da década de 1970, ambos se tornaram uma coisa só, quando Vergara iniciou uma série de fotos feitas durante os desfiles do Cacique na Avenida Presidente Vargas. A junção desses dois mundos produziu alguns dos trabalhos mais importantes com as imagens da festa popular da cidade. 

Carlos Vergara, Série Carnaval 1972-1976. Fonte: Revista Caju

A relação entre as artes visuais e o carnaval tem alguns momentos emblemáticos no Rio de Janeiro. Sem dúvida que um deles foi a presença de Hélio Oiticica na Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira ainda nos anos de 1960. Amigo de Vergara, Oiticica produziu alguns dos seus mais importantes trabalhos nesse contato com a agremiação – como as capas, tendas e estandartes batizados de Parangolés. No início da década seguinte, o olhar do artista gaúcho que havia sido assistente de Iberê Camargo e um dos nomes da nova geração que surgia naquele período registrou cenas que se tornaram icônicas em todo mundo. 

A relação de Vergara com o Cacique de Ramos começou quando o artista buscava um lado menos oficial e mais popular do carnaval carioca. Ao invés de ir ao desfile das Escolas de Samba do primeiro grupo, ele encontrou no bloco de Ramos – famoso por sua quadra na rua Uranos e por ter sido a sede de uma verdadeira revolução no samba carioca – a espontaneidade de um coletivo de milhares de pessoas ao redor do ritual carnavalesco. Fantasiados como indígenas de napa e visual norte-americano, mas carregando no nome as tradições das religiões de matriz africana (os caciques como entidades da umbanda), o bloco fundado no final da década de 1960 se tornava, aos poucos, famoso na cidade. 

Carlos Vergara, Série Carnaval, 1972. Coleção particular, São Paulo. Crédito: Jorge Bastos. Retirado de Artishock Revista

A relação de Vergara com o Cacique durou anos, resultando numa série de fotos (batizada de Carnaval 1972-1976) e trabalhos que ganharam notoriedade, chegando a serem expostos, inclusive, na Bienal de Veneza de 1980. Até hoje o artista é convocado por instituições de importância ao redor do mundo para exibir suas obras – como é o caso da foto de 1972 cujo título informal é Poder. Com três homens pretos olhando de forma direta para a câmera, essa imagem rodou diversos países e se tornou cada vez mais contemporânea no atual contexto político e anti-racista das artes visuais brasileira e mundial. 

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