Os Domingos da Criação

Os Domingos da Criação foram um divisor de águas em biografias e marcou a arte brasileira em sua forma específica de se relacionar com a população de uma cidade. Uma ideia do crítico e historiador da arte Frederico Morais, os eventos que ocuparam o MAM-RJ no verão de 1971 podem ter origem em outra ação que o mesmo promoveu (com apoio do jornal Diário de Notícias), ainda em julho de 1968. Chamado de Arte no Aterro – Um mês de Arte Pública, um grupo de artistas, passistas da Mangueira, poetas e performers ocuparam a área do Pavilhão Japonês. Hélio Oiticica, um dos artistas convidados, promove com Rogério Duarte a ação coletiva intitulada Apocalipopótese, com performances coletivas que incluíram desde os Ovos de Lygia Pape até as Urnas Quentes de Antônio Manuel. Com grande presença popular, o evento marcou o período como um dos últimos atos públicos da arte antes da instauração do Ato Institucional nº 5. 

O crítico Frederico Morais no evento Apocalipopótese, com o Parangolé de Hélio Oiticica -1968. Foto de Cláudio Oiticica. Fonte: Revista Cult

Essa experiência de ocupar espaços públicos com artistas e seus trabalhos se expande quando, em janeiro de 1971, Frederico de Morais propõe ao MAM a série de eventos intitulada Domingos da Criação. O passo além em relação a 1968 foi a introdução do público como co-criador de trabalhos e atividades. Para cada dia (o último domingo de cada mês), Frederico propôs um tema. No dia 24 de janeiro ocorreu o primeiro, batizado de “Um domingo de papel”, em que indústrias doaram sacos de papelão, bobinas de papel jornal, papel higiênico e outros itens espalhados pelos jardins do museu para ser usado por artistas e público. Nos meses seguintes, com a mesma dinâmica de oferta pública dos materiais, ocorreram “o domingo por um fio” (fio de diferentes materiais), “Domingo de tecido”, “Domingo terra a terra” (em que caminhões despejaram toneladas de areia, cal, cimento, cascalho, brita, barro etc.), “O som do domingo” e finalmente “Corpo a corpo do domingo”.  

Imagem do “Domingo terra a terra”, 1971. Fotografia: Autor não identificado. Acervo MAM Rio.

Artistas jovens, artistas maduros, visitantes, pessoas de todas as origens e ideias formavam a massa que entendeu a ideia de abertura que os Domingos invocavam. Todos juntos, sem hierarquias que definissem o processo criador, produziram marcas permanentes de liberdade em tempos agudos de repressão. Os Domingos têm a força de uma experiência pois, até hoje, ao se falar desses dias de 1971 no Museu de Arte Moderna, o que ressoa é esse campo ampliado de vida, arte e política. 

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