Bairro Santa Genoveva
Autoras: Ana Carolina Moreno Neves, Hágata Gomes e Maria Eduarda Queiroz – turma: GTR301
Nós tínhamos um riocard, um trabalho e o sonho de conhecer o entorno de onde estudamos, no bairro de São Cristóvão.
Nós, alunas de guia de turismo da Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, estávamos animadas com nosso primeiro trabalho de campo, pois acreditamos que para escrever sobre um lugar, é preciso alguma vivência.
Hoje em dia é muito comum acharmos na internet informações e fotos detalhadas sobre diversos locais, mas esse não foi o caso do Bairro Santa Genoveva, que tinha apenas 2 sites com sua história.
No dia em que escolhemos visitar o Bairro Santa Genoveva, o tempo estava nublado e chuvoso, mas durante o nosso deslocamento, começou a melhorar.
Pegamos o ônibus 371, que passa em frente à escola, e descemos próximo a um ponto histórico, a Casa da Marquesa de Santos. São Cristóvão também é conhecido como bairro imperial, devido à mudança da corte portuguesa para a região no início do século XIX.
Quase sem informações, nos apresentamos na portaria e, por ser um bairro residencial e reservado, não poderíamos entrar. Explicamos para o síndico sobre o nosso trabalho e sobre o Rio Memórias, e ele rapidamente liberou nossa entrada.
Primeiramente, nos deparamos com o pórtico, que se assemelha mais ao estilo rococó por sua simplicidade, suas torres retas e os poucos arcos em sua composição.
Quando passamos por aquela entrada antiga, nossas expectativas sobre o local mudaram totalmente, nos empolgamos com a aventura que protagonizamos e até mesmo o tempo parecia prestar atenção em nossas ações, por sua mudança contínua.
Passamos pelas ruas de paralelepípedos tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) maravilhadas com o zelo que os moradores têm com o lugar. Há diversas plantas que enfeitam as residências e a natureza parece ter abraçado as construções. Estava bem fresco, graças à arborização que projetava sombras, criando um ambiente sereno. A maioria dos moradores é de idosos, então a tranquilidade acolhe a todos.
Ao repararmos nas casas a caminho da igreja, notamos diversas características portuguesas, como as cerâmicas com figuras religiosas do catolicismo que encantam os olhos pelos detalhes e cores vibrantes, mesmo envelhecidas.
Uma curiosidade é que as ruas têm nomes de bairros, ruas ou figuras importantes de Paris: uma delas se chama Lutecia, que é o bairro mais antigo da Ilha de la Cité.
E é nessa rua que fica a igreja da vila, uma “réplica” da igreja situada em Paris, dedicada a Santa Genoveva.
Ela tem elementos com influências diversas: composta simetricamente – com duas escadas e duas torres sineiras – tem azulejos azuis e brancos portugueses, frontão triangular, pórtico e colunas de influência grega, mesclados com os arcos romanos e uma rosácea colorida no centro, que remete ao período medieval.
Ficamos maravilhadas com todos esses detalhes e muitos outros que nossos olhos simples não conseguiram analisar. Entretanto, um sentimento de sermos levadas a um tempo em que a igreja era aberta e recebia seus devotos nos invadia, trazendo uma grande satisfação por termos a oportunidade de conhecer esse lugar.
A igreja foi uma promessa do Visconde de Morais, devoto de Santa Genoveva – padroeira de Paris – em razão da melhora da saúde de sua esposa. Ao comprar um terreno no Morro do Breves, ele fez nascer uma pequena Paris, um lugar pacífico e fresco, destacado do movimentado bairro de São Cristóvão.
Nossa aventura terminou com a fala de alguns moradores, que nos disseram que o bairro Santa Genoveva é um lugar muito agradável de se viver.
Na saída, passamos pelo portal e voltamos para a realidade do Rio de Janeiro.