A força do Batidão
As batidas aceleradas das montagens executadas pelos DJs repercutem por todo o galpão. É o sinal para o início do baile. O funk começou a se delinear nos Estados Unidos, nos anos 1960, como cruzamento do soul, do jazz e do blues. Mas o Rio criou um funk próprio, com muitas referências da black music e com letras que retratam o cotidiano e a cultura das favelas e periferias cariocas.
A melodia desse funk é sempre muito simples e usa apenas um acorde para fazer a harmonia. É marcado pelo ritmo forte do baixo elétrico e pela bateria no fundo. No entanto, não se pode falar de funk sem entender a importância do sampler. A sampleagem é a arte de extrair de uma gravação algum trecho da construção musical e utilizá-la para a construção de uma nova música.
A partir dessa técnica, os DJs fazem montagens, misturas e criam conceitos a partir de velhos sucessos. Com o passar do tempo, a batida original do funk foi alterada, dando forma a uma nova sonoridade: o “pancadão” ou “tamborzão”. Reza a lenda que essa batida é inspirada no tambor da umbanda e do candomblé.
O certo é que o novo estilo logo caiu no gosto da audiência. Equipes rivais se enfrentam na disputa pela melhor aparelhagem e pelo melhor DJ. Espontaneamente, sem contar com propaganda em rádios ou canais de televisão, o funk extrapolou os limites dos clubes na periferia do Rio de Janeiro, ocupou as ruas, a zona sul da cidade e colocou todo o país no ritmo do seu batidão. Em 2008, uma lei estadual garantiu ao funk a definição de movimento cultural e, em 2009, foi revogada a lei estadual que criava regras mais rígidas para a realização dos bailes.